Até hoje, o negro mais próximo de se tornar líder da Igreja Católica foi o nigeriano Francis Arinze
A Igreja Católica já teve três papas africanos. Vítor I (189-198), Melquíades (311-314) e Gelásio I (492-496) assumiram numa época de relações estreitas entre a Igreja e o Oriente. Alexandria, Cartago e Hipona eram cidades-chave para o domínio cristão — e cargos relevantes foram destinados a homens dessas regiões.
“Até o século 5, houve um forte intercâmbio entre a Itália e o norte da África”, descreve o bispo gaúcho, Zeno Hastenteufel, de Novo Hamburgo. Especialista em história da Igreja, ele é o autor das obras História da Igreja Antiga e Medieval I e O Catecismo ao Alcance de Todos, entre outras. “Mas, embora fossem africanos, os papas não eram negros”, pontua.
Eurocentrismo na igreja
Por causa da mistura de raças na região, estudiosos sugerem que é mais provável que os papas africanos fossem mestiços — pardos, num termo usado hoje no censo brasileiro. Mas a confirmação é difícil, pois não há referências da época.
“Os primeiros papas só foram retratados séculos depois, em imagens que não passam de uma representação simbólica”, afirmou o teólogo Fernando Altemeyer, do Departamento de Ciência da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Desde então, o posto de líder da Igreja tem sido predominantemente ocupado por europeus, sobretudo italianos (foram 212 de 269, no total).
Ainda assim, o negro mais próximo de se tornar papa na Igreja foi o cardeal nigeriano Francis Arinze, muito cotado em 2013 para substituir Bento XVI — o polonês que anunciou sua aposentadoria dando lugar ao atual papa Francisco. No fim das contas, em vez de estrear um negro na chefia do Vaticano, entrou o primeiro papa latino-americano.
Vindo de longe
Nascido na Nigéria em novembro de 1932, Francis Arinze foi convertido ao catolicismo durante seu batizado, aos nove anos. Antes disso, ele petencia à comunidade de uma religião tradicional africana.
Profundamente interessado na religião católica, mudou-se para Roma, a fim de estudar teologia, em 1955. Assim, com mestrado e doutorado pela Pontifícia Universidade Urbana, foi ordenado para o sacerdócio, por Gregorio Pietro Agagianian, em 1958.
Nos anos seguintes, já considerado Padre Arinze, o nigeriano foi nomeado secretário regional para a educação católica na parte oriental de seu país de origem. Era o início de uma trajetória bem sucedida na religião que escolheu.
Vestindo a batina
Aos 32 anos, Francis Arinze tornou-se o bispo católico romano mais jovem do mundo, em 1965. Com um coração puro e objetivos legítimos, ele era respeitado na comunidade religiosa e estava ansioso para desempenhar seu papel como arcebispo.
Logo que ocupou o cargo, no entanto, a Nigéria tornou-se palco de uma guerra duradoura, que fiz centenas de milhares de vítimas, entre 1967 a 1970. No centro do conflito, Arinze teve de fugir para Adazi e, depois, para Amichi.
Em ambas as cidades, o arcebispo viveu como refugiado, mas não deixou de prestar serviços aos necessitados. Tamanha foi sua solidariedade, que as realizações de Arinze como líder de uma arquidiocese foram reconhecidas pelo Papa João Paulo II.
A centímetros de distância
Pela capacidade de trabalhar ao lado dos mulçumanos com pouco ou quase nenhum recurso, Arinze foi nomeado pró-presidente do Secretariado do Vaticano para os Não Cristãos pelo papa, em 1979. Mais tarde, ele ainda foi renomeado como Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso.
Anos mais tarde, em 1984, Arinze foi escolhido de forma unânime para se tornar o presidente da Conferência dos Bispos da Nigéria. Com esse currículo, não foi surpresa para ninguém que, quando o Papa João Paulo II faleceu, em 2005, o nigeriano foi considerado um forte candidato à eleição ao papado.
A conclave papal, contudo, decidiu que o próximo líder da Igreja Católica seria o Papa Bento XVI. No mesmo ano, Arinze retornou ao seu cargo de prefeito da Congregação para o Culto Divino e, mais tarde, foi nomeado cardeal bispo de Velletri-Segni.
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