Em uma carta publicada nesta quinta-feira, 11, o papa emérito disserta em 18 páginas o colapso mental sofrido pela Igreja durante a Revolução
Em uma carta publicada nesta quinta-feira, 11, o papa emérito Bento XVI, de 91 anos, afirmou que os abusos ocorridos na Igreja Católica foram incitados pela Revolução Sexual da década de 1960.
Intitulado “A Igreja e os Abusos Sexuais”, o texto de 18 páginas foi publicado na revista católica alemã Klerusblatt. O documento foi dividido em três partes e está causando polêmica até mesmo entre os teólogos.
Na primeira parte, o religioso apresenta um contexto atual sobre a questão a ser debatida. No começo do argumento ele lamenta o rompimento de padrões de sexualidade que aconteceram durante os anos 1960. Ele ainda culpa filmes pornográficos, imagens de nudez e roupas indecentes pelo colapso mental dentro da Igreja.
“A teologia moral católica tinha entrado num colapso que deixou a Igreja indefesa contra as mudanças na sociedade. A revolução sexual fez a pedofilia ser diagnosticada como permitida e adequada”, escreveu o clérigo.
Logo em seguida, Bento disserta sobre como a Revolução fez com que bispos da Igreja tentassem criar um novo e mais moderno catolicismo. “A revolução sexual gerou grupos de homossexuais nos seminários”, afirmou o religioso.
A conclusão da carta é focada em promover um “retorno à fé”. Segundo ele, a pedofilia só chegou ao ponto que está hoje por causa da ausência de Deus na sociedade.
Com a publicação da carta muitos condenaram a ação de Bento XVI. Joshua McElwee, especialista em Vaticano, contou em entrevista à revista National Catholic Reporter que a carta não menciona as questões estruturais que permitiram que os abusos fossem encobertados.
Julie Rubio, teóloga católica da Universidade Santa Clara, escreveu em sua rede social que a carta era "profundamente perturbadora".
O papa emérito, que durante seu papado foi acusado diversas vezes de fortalecer o sistema que encobertava os casos de abuso e pedofilia dentro de sua instituição religiosa, apenas respondia que a solução era a “obediência e amor pelo Senhor Jesus Cristo”.
O atual líder mundial do catolicismo, Papa Francisco, comentou em um discurso no início deste ano que é preciso “medidas concretas” para enfrentar o problema, e não somente “condenações simplórias e óbvias”.
A Revolução Sexual da década de 1960, citada no texto, foi um movimento que lutou pela liberdade sexual, promovendo uma mudança nas normas impostas para relações interpessoais e maior aceitação do sexo, da pílula anticoncepcional, da nudez e tolerância para homossexuais no mundo ocidental.