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Notícias / Arqueologia

Pesquisadores confundiram osso de mulher com resto mortal de urso no Alasca

Osso desenterrado nos anos 90 acabou passando por uma confusão arqueológica; entenda!

Eduardo Lima, sob supervisão de Ingredi Brunato Publicado em 03/05/2023, às 16h28

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Crianças Inupiat eskimo, parte de populações nativas do Alasca, brincando em 2006 e urso pardo em 2022, na Ucrânia - Justin Sullivan/Getty Images e Leon Neal/Getty Images
Crianças Inupiat eskimo, parte de populações nativas do Alasca, brincando em 2006 e urso pardo em 2022, na Ucrânia - Justin Sullivan/Getty Images e Leon Neal/Getty Images

Quando um osso de 3.000 anos foi encontrado em uma caverna no sudeste do Alasca nos anos 90, a primeira reação dos pesquisadores foi achar que ele pertencia a um urso. Uma nova pesquisa, no entanto, mostrou que o fóssil, na verdade, pertenceu a uma mulher, e ela tem basicamente a mesma genética dos nativos norte-americanos que vivem na região atualmente. 

O resto mortal encontrado na gruta, conhecida como Lawyer's Cave, tem 3 centímetros e foi descoberto na década de 1990. Ao lado desse artefato se encontravam diversas miçangas de concha e uma sovela (uma ferramenta furadora) também feita com osso. 

Esses objetos e ferramentas apontam para uma possível ocupação da caverna por humanos, e os estudiosos acreditavam que o osso fosse de um animal caçado por humanos, não deles próprios.

Segundo o site de divulgação científica LiveScience, o fóssil foi mantido em um arquivo até 2019, quando foi examinado em um laboratório da Universidade de Buffalo, em Nova York, e teve sua identidade humana comprovada por exames genéticos. O estudo que analisou a descoberta foi publicado no periódico iScience.

Povos nativos

O fóssil encontrado é parte do úmero (maior osso do braço) da mulher que viveu na região do Alasca há cerca de 3.000 anos. Alber Aqil, um doutorando da Universidade de Buffalo que fez a descoberta, consultou as autoridades tribais locais para dar um apelido para a dona do artefato, e eles decidiram que seria "Tatóok yík yées sháawat", que significa "jovem mulher na caverna" na língua Tlingit.

Só 15% do genoma da mulher nativa norte-americana pôde ser extraído do osso, mas foi o suficiente para determinar que a genética da "Tatóok yík yées sháawat" é a mesma do povo Tlingit de hoje, que vive na região, mostrando que essa população nativa e seus parentes estão ocupando o Alasca há muito tempo, como explicou Aqil ao LiveScience.

O cientista que encontrou o fóssil explicou que o próximo passo da pesquisa é devolver o resto mortal da mulher aos representantes de seu povo, que ficarão encarregados das cerimônias apropriadas para o enterro de um ancestral.