Muito antes dos médicos, o escultor renascentista tinha domínio sobre detalhes do sistema respiratório
Detalhes da escultura “Davi”, de Michelangelo, revelam que o artista italiano conhecia profundamente o funcionamento do sistema respiratório humano. Exibida na Galleria dell'Accademia di Firenze, na Itália, a obra apresenta uma veia inchada e visível acima da clavícula de Davi, detalhe anatomicamente realista que mostra o herói bíblico prestes a combater o gigante Golias.
A obra foi feita pelo artista cerca de 120 anos antes dessa relação ser atestado pela ciência médica. "Eu percebi que Michelangelo deve ter notado uma distensão venosa jugular temporária em indivíduos saudáveis que estão excitados”, afirmou o cardiologista Daniel Gelfman, da Universidade Marian, em Indianápolis, nos EUA.
"Na época em que o David foi criado, em 1504, o [anatomista e médico] William Harvey ainda não havia descrito a verdadeira mecânica do sistema circulatório", afirmou o Dr. Gelfman. "Isso não ocorreu até 1628."
Na escultura de Moisés, feita a pedido do papa Júlio II em 1505, o artista esculpiu o mesmo detalhe anatômico. "Estou impressionado com a capacidade dele em reconhecer esse achado e expressá-lo em sua obra de arte quando havia informações tão limitadas sobre fisiologia cardiovascular. Curiosamente, ainda hoje, esse fenômeno não é discutido em livros típicos de cardiologia", afirmou ainda Daniel Gelfman.