Após a queda do presidente Evo Morales, o país entrou em um cenário de crise que parece não ter fim
Evo Morales, o famoso sindicalista que governou a Bolívia, está agora no México, onde López Obrador ofereceu asilo. Fora do poder, ele busca uma solução pacífica para a situação.
Enquanto isso, seu maior opositor, Luís Camacho, entrou na sede do governo com uma Bíblia na mão. “Camacho é uma espécie de espelho do pastor evangélico Chi Hyng Chung, conhecido como 'Bolsonaro boliviano' e que ficou em terceiro na eleição de 20 de outubro, com 8,77% dos votos. Com um discurso explicitamente golpista, o santacruzenho convocou militares e policiais a se amotinarem contra o presidente”, escreveu Claudia Antunes, do jornal O Globo.
Durante o voo de Evo, chegou a carta de sua renúncia no Parlamento boliviano: "Minha responsabilidade como presidente indígena e de todos os bolivianos é evitar que os golpistas sigam perseguindo meus irmãos e irmãs dirigentes sindicais, maltratando e sequestrando seus familiares, queimando casas de governadores, de parlamentares e de conselheiro. A ordem é resistir para amanhã voltar a lutar pela pátria. Nossa ação é e será defender as conquistas de nosso governo. Pátria ou morte!”.
A segunda vice-presidente do Senado pertence à oposição e chama Jeanine Añez e, nesse vácuo na presidência causada pela atual crise, reivindicou assumir a Presidência da República, isso porque junto a Evo, seu vice e o presidente da Câmara dos Deputados também renunciaram. Entretanto, a Constituição obriga o país a realizar uma nova eleição.
Nos últimos dois dias, ao menos 17 políticos ligados a Evo Morales renunciaram, enquanto o clima de tensão na Bolívia aumenta. Conflitos nas ruas estão resultando em brigas entre a oposição e setores do MAS (Movimiento al Socialismo, partido de Evo).
Enquanto isso, milícias de extrema-direita causam terror pelas cidades, depredando patrimônios, destruindo casas de familiares de Evo Morales e usando de violência contra políticos.
Mesmo que Morales procure uma solução pacífica e diplomática, ou pelo menos é o que ele diz em discurso, correligionários do ex-presidente exilado entraram em La Paz no dia de hoje, 1, aos gritos de “Guerra Civil” e “Mesa, Camacho, queremos sua cabeça”. Trata-se de grupos indígenas, sindicalistas, socialistas e cocaleros que veem a derrubada de Evo Morales como um golpe de Estado. O futuro ainda é incerto.