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Notícias / Estados Unidos

O que a Disney+ falou sobre a lei anti-LGBTQIA+?

Plataforma de streaming da Walt Disney Company se pronunciou em meio ao polêmico projeto

Fabio Previdelli Publicado em 22/03/2022, às 15h01

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Imagem ilustrativa - Getty Images
Imagem ilustrativa - Getty Images

Conforme relatado pela equipe do site do Aventuras na História há alguns dias, funcionários da Pixar acusaram a Walt Disney Company de censurar cenas que mostram afeto entre personagens do mesmo gênero

A empresa também foi colocada como uma das apoiadoras financeiras a políticos que votaram em favor da lei apelidada de “Don’t Say Gay” (‘Não Diga Gay’), proíbe que docentes discutam sobre questões LGBTQIA+ com alunos de até nove anos — ou outro grupo que julgarem o tema inapropriado.

Em virtude do cenário, os estúdios da Marvel já haviam se posicionado contrários à medida. Agora, segundo relata matéria do Cine Buzz, foi a vez do serviço de streaming Disney+ se mostrar contra o projeto. 

O Disney+ apoia nossos funcionários, colegas, famílias, contadores de história e fãs LGBTQIA+ e nós fortemente denunciamos todas as legislações que infringem os direitos humanos básicos das pessoas da comunidade LGBTQIA+ — especialmente a legislação que mira e fere jovens e suas famílias. Nós nos esforçamos para criar um serviço que reflita o mundo em que vivemos, e nossa esperança é ser uma fonte de inclusividade, empoderamento e histórias autênticas que nos unem na nossa humanidade compartilhada", declarou a plataforma em seu Twitter.

Don't Say Gay

A “Don’t Say Gay” (‘Não Diga Gay’), como a lei foi apelidada, proíbe que docentes discutam sobre questões LGBTQIA+ com alunos de até nove anos — ou outro grupo que julgarem o tema inapropriado.

Mickey e Minnie com uma bandeira LGBTQIA+ ao fundo/ Crédito: Montagem Getty Images com fundo Wikimedia Commons

Além disso, segundo matéria da Folha de S. Paulo, qualquer professor que ‘identifique’ alunos como LGBTQIA+ devem falar diretamente com seus responsáveis sobre o assunto. A medida, segundo críticos, pode promover uma “caça às bruxas” aos docentes que se recusarem a acatá-la. 

O papel da Disney — uma das companhias que mais gera empregos no estado — nessa história diz respeito ao seu CEO, Bob Chapek, que teve um posicionamento muito limitado em relação ao assunto, afirmando que o máximo que a empresa poderia fazer era “criar um mundo mais inclusivo pelo conteúdo inspirador que produzimos”. 

Entretanto, foi revelado que a companhia fez doações para diversos nomes que apoiam abertamente a controversa lei. Com isso, a carta escrita por funcionários da Pixar ordena que esse suporte seja encerrado. 

Para tentar reverter o cenário, Chapek informou que a Disney doaria 5 milhões de dólares (R$ 25 milhões) para a Human Rights Campaign (HCR) e outras instituições que agem em prol da comunidade LGBTQIA+. Porém, a HCR se recusou a receber o valor enquanto a Disney não agir mais diretamente pela causa. 

"Este não é um assunto que pode esperar até o Reimagine Tomorrow [convenção pró-diversidade da Disney] em abril, ou o Mês do Orgulho em junho. Esse assunto precisa ser discutido agora. É urgente. Em 2021, 42% dos jovens LGBTQIA+ consideraram seriamente o suicídio, incluindo mais da metade de jovens trans ou não binários, o que tem como principal causa a falta se apoio que legislações discriminatórias como essa permitem", aponta um trecho da carta. 

A Disney diz cuidar do bem-estar das crianças, mas apoia políticos como esses, que ferem diretamente um dos nossos públicos mais vulneráveis. Há vidas em jogo e o apoio da Disney pode salvar essas vidas. 'Ainda há trabalho a ser feito', seu email diz. Esse é o trabalho", concluem os funcionários da Pixar. 

Diante do cenário, segundo a Folha, muitos artistas e personalidades acusam a empresa de lucrar com o chamado “pink money”, quando uma companhia se promove em cima do público LGBTQIA+, mas, no entanto, não age concretamente para apoiar a diversidade de gênero. 

Disney se pronuncia

Após as críticas, o CEO da Walt Disney Company, Bob Chapek, se manifestou pela primeira vez sobre o assunto em 11 de março. Para reverter a aprovação da lei, Chapek declarou que estaria “trabalhando nos bastidores” para convencer os senadores da Flórida a vetá-la, segundo relatado pelo Deadline. 

Entendo que nossa abordagem inicial, mesmo que tenha sido bem intencionada, não foi efetiva", disse o CEO da Disney. 

Bob Chapek também informou que pretende conversar com Ron DeSantis, governador da Flórida, sobre o projeto, além de declarar que doaria o mesmo valor dado aos políticos para instituições que apoiam a comunidade LGBTQIA+.

Imagem ilustrativa dos parques da Disney/ Crédito: Getty Images

 O Sindicato de Animações dos Estados Unidos (TAG) já havia se pronunciado dias antes, na quarta-feira, 9 de março, repudiando a doação da Disney, alegando que o ato era “um erro que desafia a lógica e a ética”. 

"A Walt Disney Company tem a oportunidade de ser uma líder a serviço da comunidade LGBTQIA+ de um jeito que poucas outras empresas podem igualar", apontou a TAG. "Expressamos nossa decepção com as declarações dos líderes da Disney sobre a lei 'Don't Say Gay' na Flórida. Aplaudimos as muitas vozes de aliados, colegas e mais, que têm se pronunciado e reproduzindo essa decepção".

Em resposta, Chapek alegou que a Disney irá manter sua postura não só dentro do estado, mas em todo o território norte-americano, vetando projetos semelhantes que visam contra os direitos humanos.