Victoria Roshchyna, jornalista ucraniana de 27 anos, faleceu enquanto estava detida em uma instalação russa conhecida como "inferno na Terra"
Quase dois meses se passaram desde que a jornalista ucraniana Victoria Roshchyna, de 27 anos, faleceu enquanto estava detida em uma instalação russa conhecida como "inferno na Terra". Apesar disso, sua família e amigos continuam aguardando que o Kremlin libere seu corpo para que possam realizar um funeral digno.
As autoridades russas não forneceram explicações sobre o atraso na devolução do corpo da jornalista premiada, que desapareceu em agosto do ano passado. Oficiais ucranianos e antigos colegas de Roshchyna expressaram preocupações de que a demora possa ser parte de um encobrimento das circunstâncias de sua morte.
O governo russo já foi acusado anteriormente de silenciar críticos, como o líder oposicionista Alexei Navalny, que morreu em uma prisão russa no Círculo Ártico em 16 de fevereiro deste ano. Moscou negou repetidamente envolvimento em mortes de adversários políticos, atribuindo a morte de Navalny a "doença", apesar das alegações de sua família e de governos ocidentais de que ele foi envenenado.
Descrita por colegas como uma força incansável, Roshchyna reportava histórias da linha de frente envolvendo civis afetados pela invasão russa. Em 19 de setembro, seu pai foi notificado pelas autoridades russas sobre sua morte.
A Ucrânia confirmou o falecimento em 10 de outubro, informando que Roshchyna morreu enquanto era transferida da instalação de detenção em Taganrog, no sul da Rússia, para Moscou. Ex-prisioneiros descreveram Taganrog como um local terrível para ucranianos capturados, onde maus-tratos são frequentes, conforme relatado por Tetiana Katrychenko, diretora-executiva da Media Initiative for Human Rights.
Roshchyna foi dada como desaparecida enquanto cobria eventos na região ocupada de Zaporizhzhia, na Ucrânia, em agosto do ano anterior. Segundo seu pai, a última ligação entre eles ocorreu em 3 de agosto.
"De nossas fontes, sabemos que ela permaneceu na região de Zaporizhzhia e estava livre pelo menos até 20 de agosto", informou Katrychenko, repercute o The Independent. Em abril deste ano, o pai recebeu uma carta das autoridades russas afirmando que Roshchyna estava viva e sob custódia.
Victoria é uma jornalista profissional, e sua presença no território ocupado irritou a Rússia. Nenhum jornalista ucraniano trabalhou nos territórios ocupados; nenhum foi para a ocupação", afirmou Katrychenko.
Quase 50 dias após sua morte, as autoridades russas ainda não esclareceram os eventos que levaram ao falecimento da jornalista. Autoridades ucranianas suspeitam que o atraso na devolução do corpo visa dificultar investigações sobre a causa da morte.