Redução do peso da camada de gelo na Antártida pode intensificar a atividade vulcânica em regiões de frio extremo; entenda!
Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Éric Moreira Publicado em 07/01/2025, às 11h14 - Atualizado às 11h23
Sob a imensa camada de gelo da Antártida, um processo lento e significativo do ponto de vista climático pode estar ocorrendo neste momento. O continente, dividido pelas Montanhas Transantárticas de leste a oeste, abriga vulcões notórios, como o Monte Erebus, famoso por seu lago de lava.
Além disso, há pelo menos 100 vulcões menos evidentes, muitos situados ao longo da costa ocidental. Enquanto alguns se projetam acima da superfície, outros permanecem enterrados quilômetros abaixo da terra congelada.
As mudanças climáticas estão acelerando o derretimento da camada de gelo antártica, contribuindo para o aumento do nível do mar. Localmente, essa perda de gelo alivia a pressão sobre as rochas subjacentes, o que pode desencadear impactos inesperados.
Estudos anteriores já demonstraram que a redução do peso da camada de gelo pode intensificar a atividade vulcânica em regiões subglaciais. Para explorar como isso pode se manifestar na Antártida, pesquisadores realizaram 4.000 simulações por computador, revelando que a redução gradual do gelo pode ampliar tanto a frequência quanto a magnitude de erupções subglaciais.
Isso ocorre porque a retirada do peso do gelo reduz a pressão nas câmaras magmáticas abaixo da superfície, permitindo que o magma comprimido se expanda. Essa expansão gera mais pressão nas paredes das câmaras, aumentando a probabilidade de erupções.
Além disso, muitas dessas câmaras contêm gases dissolvidos no magma. Com o intervalo da pressão, esses gases podem escapar, como acontece com uma garrafa de refrigerante ao ser aberta, intensificando ainda mais a pressão interna. Esse mecanismo pode antecipar o início da atividade vulcânica.
Embora essas erupções possam não ser visíveis na superfície, elas podem ter um impacto significativo no derretimento do gelo, conforme descreve o estudo.
O calor gerado por essas atividades vulcânicas pode acelerar o degelo nas camadas inferiores e enfraquecer as superiores, criando um ciclo de retroalimentação: menor pressão superficial leva a mais atividade vulcânica, que por sua vez derrete ainda mais o gelo.
Os pesquisadores ressaltam que esse processo ocorre em um ritmo lento, ao longo de séculos. No entanto, uma vez iniciado, o ciclo pode persistir mesmo com a mitigação do aquecimento global causado pelo homem, repercute o Live Science.
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