As trombas dos elefantes sempre causam fascínio devido não só à força que possuem, como também a versatilidade, destreza e utilidade para os animais
Em meio às incontáveis espécies de animais existentes no planeta Terra, certamente alguns que sempre intrigam são os elefantes. Seja por sua grande inteligência, seu grande tamanho e força ou mesmo pelas peculiaridades que seus corpos possuem, esses animais sempre foram objeto de estudos, principalmente com a intenção de entender como se deu seu processo evolutivo que lhe rendeu características únicas como, por exemplo, suas trombas.
O membro é bastante notório, pois, ao contrário do que muitos podem imaginar, não funciona simplesmente como um nariz alterado para estes animais. Muito pelo contrário, o que mais surpreende é o fato de que os elefantes podem, com as trombas, desde levantar mais de 270 quilos, até manusear com destreza um único amendoim. Isso tudo sem mencionar que é utilizada para pegar objetos e até mesmo água, para levar à boca, e podem chegar a até 2 metros de comprimento e possuir 40 mil músculos.
No entanto, como já mencionado, as condições ambientais e biológicas que levaram os ancestrais dos elefantes a evoluírem com essa característica nunca foi completamente compreendida pela comunidade científica. Até porque seus tecidos moles, como os músculos e a pele, não fossilizam bem, o que dificulta até mesmo de saber quais espécies poderiam ter trombas ou não.
Entretanto, um novo estudo, publicado no dia 28 de novembro na revista eLife, tenta explicar a origem das magníficas trombas, e revela que essas mudanças fisiológicas podem ter ocorrido, principalmente, devido às mudanças climáticas. Entenda!
Para o novo estudo, os pesquisadores compararam principalmente três grandes famílias de grandes mamíferos semelhantes a elefantes, ancestrais que existiram entre 11 e 20 milhões de anos atrás: Amebelodontidae, Choerolophodontidae e Gomphotheriidae.
Conforme repercutido pelo Live Science, os envolvidos descobriram que os Choerolphontidae provavelmente viveram em ambientes mais fechados, como florestas; já os Amebelodontidae, viviam em habitats mais abertos, como pastagens; e os Gomphotheriida, por sua vez, em locais intermediários. E essas diferenças de habitats acabavam sendo diretamente relacionadas a uma característica divergente desses animais: as mandíbulas.
"Os Cherolophodon vivem em florestas densas, por isso há muitas plantas que têm ramos que se estendem horizontalmente," pontua Shi-Qi Wang, professor do Laboratório Principal de Evolução de Vertebrados e Origens Humanas da Academia Chinesa de Ciências e co-autor do estudo. Logo, as mandíbulas desses animais eram mais adequadas para exercer pressão para cima e para baixo, em vez de para frente e para trás, o que aumentava a eficiência no corte das folhas horizontais.
Porém, as mandíbulas de Gomphotheriida e Amebelodontidae, que viviam em ambientes mais abertos, eram diferentes: elas eram adaptadas para cortar justamente as plantas de crescimento vertical, como ervas e gramíneas de caule macio. E nesses casos, a área do nariz nos crânios era bem mais parecida com a dos elefantes modernos, o que sugere que, aqui, as trombas já poderiam ser utilizadas para levar alimento à boca.
Sabemos que todo o paleoambiente mudou [durante este período] de ambientes quentes e úmidos para ambientes mais frios, secos e abertos," conta Chunxiao Li, pesquisador da Universidade da Academia Chinesa de Ciências e principal autor do estudo, ao Live Science. "Nessa altura, vemos que estes [primeiros elefantes] começam a usar as suas longas trombas para agarrar a erva."
Ou seja, possivelmente, o que levou à diferenciação dos elefantes modernos com relação a outros animais de tromba — como as antas, por exemplo, que vivem nas florestas e não usam o membro com tanta destreza quanto os elefantes — foi o pastoreio em campos abertos, por fim.