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Notícias / Arqueologia

No Alasca, arqueólogos encontram evidências de massacre do século 17

O trágico episódio pode ter sido desencadeado por um jogo de dardos

Thiago Lincolins Publicado em 24/04/2019, às 13h16

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Reprodução / Universidade de Aberdeen
Reprodução / Universidade de Aberdeen

Enquanto realizavam escavações na cidade de Agaligmiut, no Alasca, arqueólogos encontraram evidências de um massacre que ocorreu no Alasca durante o século 17. A descoberta pode confirmar uma lenda disseminada pelo povo Yup'ik.

O time de pesquisadores da Universidade de Aberdeen, no Reino Unido, encontrou os restos mortais de 28 pessoas e 60 mil artefatos preservados - como bonecas, figurinhas, máscaras de madeira e cestas. Os esqueletos - sendo a maioria de mulheres, crianças e homens idosos - estavam amarrados com cordas de relva e foram executados com perfurações no crânio.

"Eles estavam virados para baixo e alguns tinham buracos na parte de trás do crânio que parecem ter sido causados por lanças ou flechas", afirmou Rick Knecht, professor de arqueologia da Universidade de Aberdeen, envolvido na descoberta.

As escavações que reveleram os esqueletos e antigos artefatos / Reprodução Universidade de Aberdeen
As escavações que reveleram os esqueletos e antigos artefatos / Reprodução Universidade de Aberdeen

De acordo com uma lenda do povo Yup'ik, nativo do Ártico, a tragédia foi motivada por um acidente causado durante um jogo de dardos. Ao acertar um garoto com o dardo, o menino que causou o acidente teve os olhos arrancados pelo pai da vítima. Em seguida, um parente da criança afrontou o pai e o conflito resultou no episódio conhecido como “guerras do arco e flecha.”

A data exata do massacre ainda é desconhecida por historiadores. Entretanto, Knecht afirma que o local foi construído por volta de 1590 e 1630 e teria sido destruído entre 1652 e 1677, quando um ataque resultou num grande incêndio.

Outras versões 

Outras histórias contam que parte da população de Agaligmiut, sob a liderança de um homem apelidado de Pillugtuq, atacou uma aldeia que abrigava várias pessoas. Quando foram avisadas sobre o ataque, uma emboscada foi colocada em prática para executar os invasores.

Em outras lendas, as mulheres envolvidas no episódio se disfarçaram de homens e atacaram os invasores com arcos e flechas. Ao mesmo tempo, outra história também descreve que, pouco antes da população deixar Agaligmiut, Pillugtuq foi advertido que o local seria devastado pelo fogo - e ignorou o aviso. Como consequência, os guerreiros da outra aldeia invadiram a cidade, a incendiaram e mataram seus habitantes.

As lendas também indicam que o massacre foi promovido principalmente por mulheres, crianças e homens idosos - os homens mais novos estavam envolvidos na emboscada. De acordo com os arqueólogos, os esqueletos encontrados confirmam essa parte da história.

"Há uma série de histórias diferentes", explica Knecht. "O que sabemos é que as guerras de arco e flecha aconteceram durante um período apelidado de pequena era do gelo", completou. Ele acredita que o clima frio pode ter causado uma escassez de alimento e resultou no trágico conflito.