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Notícias / Bruce Willis

Neurocientista explica progressão da demência de Bruce Willis, que não reconhece mais a mãe

Pessoas próximas ao ator também apontam que ele tem apresentado comportamento agressivo devido à doença

por Giovanna Gomes
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Publicado em 01/03/2023, às 13h33

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O ator Bruce Willis - Getty Images
O ator Bruce Willis - Getty Images

O ator de HollywoodBruce Willis, bastante conhecido por seus papéis em filmes como “Duro de matar” e “O sexto sentido”, foi recentemente diagnosticado com demência frontotemporal,doença degenerativa que afeta diversas áreas como foco, personalidade e memória.

Infelizmente, pessoas próximas do estadunidense relataram que ele já possui dificuldades até mesmo para reconhecer a própria mãe, além de que apresenta comportamentos agressivos.

Wifried Gliem, prima da mãe de Bruce, Marlene Willis, disse à revista Bild que o ator também já apresenta graves dificuldades na comunicação.

Os movimentos dele são muito lentos, com uma agressividade constante. Já não é possível manter uma conversa normal. Este comportamento é típico de pacientes que sofrem desta condição”, conta Wifried.

De acordo com o Pós PhD em neurociências e membro da Sigma Xi e da Society for Neuroscience nos Estados Unidos, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, essa é a progressão natural da condição.

“Conforme a demência frontotemporal progride, afeta as habilidades mentais, a memória e outras funções que são mais comuns na doença de Alzheimer, além de gerar alterações na personalidade e dificuldades de comunicação, como o que está acontecendo com o ator”.

“Comportamentos atípicos ou anti-sociais, assim como a dificuldade para falar ou se expressar normalmente são um dos primeiros sintomas, mas em estágios posteriores, os pacientes podem desenvolver alguns distúrbios do movimento, como rigidez nos membros, lentidão, fraqueza muscular, espasmos, e até mesmo dificuldade de deglutição”, explica o especialista.

Demência Frontotemporal

A demência frontotemporal afeta geralmente indivíduos entre 45 e 60 anos de idade e pode ser causada por uma série de fatores, como genéticos, pelo acúmulo anormal da proteína Tau. A substância tem como função estabilizar os microtúbulos pela agregação de tubulina, mas em excesso pode levar a diversas doenças neurodegenerativas, como Alzheimer.

Modificações em genes importantes para o funcionamento cerebral também podem desencadeá-la. O GRN, por exemplo, tem como função promover a codificação da progranulina, porém alterações nesse gene trazem diversos sintomas, que podem diferir para cada pessoa, podendo se manifestar em diferentes faixas etárias.

Outro exemplo é o C9ORF72, que quando alterado se torna um fator de alerta para o surgimento de demência frontotemporal e outras condições, como o ELA — Esclerose Lateral Amiotrófica.

O distúrbio atinge os lobos frontais e temporais do cérebro, responsáveis, respectivamente, pela execução de ações com intencionalidade, “freios sociais” e linguagem, memória, capacidade visual e auditiva.

“A região do córtex orbitofrontal, por exemplo, está relacionada a tomada de decisões e busca de pensamentos, córtex pré-frontal dorsolateral com a memória de curto prazo e foco atencional, e o córtex pré-frontal ventromedial com o julgamento e conexão com o sistema límbico, este onde se localiza a amígdala, hipocampo (relação com as memórias que se consolidam), núcleo septal, tronco cerebral, tálamo, entre outros".

A função do sistema límbico é coordenar as atividades sociais que possibilitam a manutenção da vida em sociedade e instintos, a degeneração nessas regiões impede uma boa comunicação entre elas, assim como o seu bom funcionamento”.

Como funciona o diagnóstico da demência?

“O diagnóstico da doença é baseado na avaliação médica e exames físicos, como exame neurológico ou teste de estado mental, a Tomografia por emissão de pósitrons (PET) com deoxiglicose marcada com flúor-18 (18F) (fluorodesoxiglicose, ou FDG) também pode ser usada para identificar a demência através da análise das regiões anteriores nos lobos frontais, córtex temporal anterior e córtex cingulado anterior”. 

“No caso de Bruce, os sintomas foram diagnosticados primeiramente como afasia até chegar à conclusão de que se tratava realmente de demência frontotemporal, a afasia é um sintoma bastante comum na doença frontotemporal e também pode ser usado como sinal de alerta na análise clínica para diagnóstico da condição”.

A demência frontotemporal não tem cura, os tratamentos utilizados, como uso de medicamentos antipsicóticos, fonoaudiologia e fisioterapia apenas ajudam a amenizar os sintomas”, explica o Dr. Fabiano.