Esquema privilegiava funcionários públicos, legisladores e personalidades públicas
Ontem, 19, o ministro da Saúde da Argentina, Ginés González García, foi demitido pelo presidente Alberto Fernández. O Motivo? García havia instalado, em uma sala, no ministério, uma sala clandestina de vacinação.
Segundo a RFI, a “Vacinação VIP” estava instalada no segundo andar do Ministério da Saúde, que é administrado pelo próprio Ginés González. Com isso, o presidente argentino ordenou que ele renunciasse. "Em resposta ao seu expresso pedido, apresento-lhe a minha renúncia ao cargo de ministro da Saúde", escreveu García em uma carta aberta redigida a Fernández.
O mais controverso disso tudo é que, dois dias antes de renunciar, o ministro declarou, em uma entrevista para uma rede de televisão local, que "não estava de acordo com as vacinações de privilégio".
"Esse escândalo revela uma rede de tráfico de influências e de falta de ética que representa um sério dano ao governo num ano eleitoral. As revelações afetam o processo de vacinação, principal ferramenta política do governo para a campanha eleitoral", disse o analista político Raúl Aragón à RFI Brasil.
"Sem dúvida, o caso terá um custo político para o presidente. Com esse escândalo, acabou a retórica governista sobre o processo salvador de vacinação. Acabou a propaganda política em torno das vacinas", completou o analista político e médico neurologista Nelson Castro.
O esquema de “Vacinação VIP” privilegiava funcionários públicos, legisladores e personalidades públicas. As doses eram tiradas de uma reserva de 3.000 vacinas que não foram distribuídas aos governos provinciais, ficando, assim, sob administração do Ministério da Saúde.
Vacinação na Argentina
A Argentina figura na lista dos 15 países mais atingidos pela pandemia. Segundo promessa do Governo, até fevereiro, o país receberia mais de 20 milhões de doses, o que seria suficiente para vacinar dez milhões de pessoas.
Até agora, no entanto, o país só recebeu 10% dessa quantia: 1,22 milhão de doses da Sputnik V e 580 mil da AstraZeneca/Oxford. Na Argentina, a vacinação já acontece há 50 dias, porém, até agora, menos de 1% da população foi imunizada. Segundo dados oficias, somente 391.975 receberam a primeira dose e 241.662 a dose de reforço.