A iniciativa da instituição britânica é um exemplo para outros museus através do país
O museu de Manchester, localizado no Reino Unido, realizou recentemente a devolução de 174 objetos pertencentes a povos indígenas da Austrália, o que foi considerado um grande exemplo de repatriação cultural.
Um detalhe interessante a respeito do ato é que os artefatos sendo repatriados possuem teor cotidiano — são varas de pesca, braçadeiras, cestos, bumerangues, mapas, bonecos de concha, entre outros.
Conforme repercutiu o The Guardian, isso é incomum: quando instituições retornam itens de outras culturas, geralmente são relíquias de alto valor religioso e cerimonial.
Trabalhamos na repatriação neste museu desde a década de 1990 e desde que sou diretor enquadramos isso como um ganho e não como uma perda. Depois de entender que se trata de construir relacionamentos, tudo muda. Acho que este projeto é um presente incrível para o povo de Manchester", explicou Esme Ward, a diretora do museu de Manchester, ainda de acordo com o veículo.
"Acreditamos que este é o futuro dos museus. É assim que deveríamos ser", acrescentou a mulher.
O grupo de objetos repatriados pelo museu britânico, vale mencionar, foram todos levados até a instituição por uma mesma pessoa, Peter Worsley, que fazia doutorado em antropologia na década de 50 e negociou com diversos aborígenes australianos para conseguir os artefatos.
Em entrevista ao The Guardian, Noeleen Lalara — uma mulher idosa da comunidade Anindilyakwa, que está sendo beneficiada pela devolução — opinou que seus antepassados, quando fizeram essas trocas comerciais, provavelmente não entendiam as implicações do que estavam fazendo, e pensaram que estavam apenas emprestando seus pertences ao pesquisador.