Liberta recentemente da prisão, Gypsy Rose Blancharde passou a infância e adolescência sendo submetida por sua mãe a tratamentos médicos desnecessários
Gypsy Rose Blancharde é uma mulher de 32 anos que foi recentemente liberta da prisão nos EUA de forma antecipada (sua sentença original era de dez anos, e a norte-americana cumpriu sete).
Ela foi condenada em 2016 pelo assassinato de sua mãe, Dee Dee. Na época, o caso chamou atenção internacionalmente: o crime veio após Gypsy sofrer anos de abuso nas mãos da figura materna.
Dee Dee possuía um quadro de "síndrome de Munchausen por procuração". Na versão tradicional desta doença mental, o paciente finge sofrer com uma série de problemas de saúde, constantemente buscando tratamento médico para as supostas condições. Já quando ela se manifesta desta outra forma, "por procuração", o doente projeta esses problemas em outra pessoa, em geral, no filho, simulando seus sintomas.
Durante seu crescimento, Gypsy Rose supostamente possuía uma verdadeira lista de distúrbios: alterações cromossômicas, leucemia, distrofia muscular, epilepsia, asma, etc. Ela era completamente dependente de sua mãe, enquanto a mulher mais velha era vista como uma heroína por sua comunidade devido à maneira como dedicava sua vida a cuidar da filha.
A verdade, porém, é que a jovem era saudável, mas prosseguia sendo submetida a remédios e cirurgias desnecessárias, sem ser capaz de retomar as rédeas da própria vida por conta do comportamento controlador da figura materna.
Após começar a namorar Nicholas Godejohn, um homem que conheceu na internet, ela planejou junto dele o assassinato de Dee Dee — que se deu em 2015, quando a criminosa tinha 25 anos.
Recentemente, após recuperar sua liberdade, Gypsy Rose Blancharde, hoje aos 32 anos, concedeu uma entrevista exclusiva à revista People em que refletiu sobre o que fez. "Eu estava desesperada para sair daquela situação" afirmou ao veículo, acrescentando se arrepender pelo crime:
Ninguém jamais me ouvirá dizer que estou feliz por ela estar morta ou que estou orgulhosa do que fiz. Me arrependo todos os dias".
Fora o assassinato de Dee Dee, a norte-americana não sabe dizer o que mudaria se pudesse voltar no tempo.
"Se eu tivesse outra chance de refazer tudo, não sei se voltaria à época em que era criança e diria aos meus tios e tias que não estou doente e que a mamãe me deixa doente. Ou, se eu voltasse exatamente ao ponto daquela conversa com Nick e dissesse a ele: 'Quer saber, vou contar tudo à polícia.' Eu meio que luto com isso", desabafou.