Após 36 anos, Joanne Hayes foi absolvida da acusação de ter matado um bebê com inúmeras facadas
Após 36 anos presa injustamente por, supostamente, ter assassinado um bebê com inúmeras facadas, Joanne Hayes finalmente recebeu um pedido de desculpas do chefe da polícia da Irlanda e do ministro da Justiça do país. As informações são da BBC.
Agora, Hayes e sua família receberão uma compensação substancial por todo o tempo em que ficou presa. Além disso, também receberá uma declaração de que todas as conclusões do tribunal sobre o caso Kerry Babies sobre atos ilícitos eram infundadas e incorretas.
Com a notícia, a advogada de Hayes, Par Mann, leu uma declaração em nome de sua cliente agradecendo a todos que a apoiaram nos últimos 36 anos. "É a sincera esperança e crença de Joanne que, depois de 36 anos, o sofrimento e o estresse dessa provação finalmente tenham ficado para trás. Seu único pedido é que a privacidade deles [sua família] seja respeitada e que eles possam voltar para suas vidas em paz em sua comunidade local”.
O caso
Em 14 de abril de 1984, o corpo de um recém-nascido foi encontrado na praia de White Strand. Ele havia sido morto a facadas. Na ocasião, com 25 anos, Joanne Hayes estava grávida, no entanto, pouco depois, ela não foi vista com nenhum bebê, o que levou os investigadores a pensarem que ela havia matado a criança.
Com isso, Hayes acabou sendo presa. Posteriormente, ela e sua família teriam confessado o assassinato do bebê. Contudo, numa reviravolta, eles retiraram suas confissões, alegando que os policiais os coagiram a confessar o crime.
As investigações revelaram que Joanne deu à luz a um bebê, na fazenda da família. Entretanto, a criança morreu pouco depois de nascer e foi enterradoa no local. Porém, na busca de um autor do crime, os policiais acreditavam que às crianças (sendo a primeira vítima do crime) eram gêmeas, apesar de terem tipos sanguíneos diferentes.
Na ocasião, os investigadores associaram o dado ao pensamento de que Hayes havia mantido relações sexuais com dois homens diferentes ao mesmo tempo. O caso chocou a todos na Irlanda pela maneira como a vida sexual de uma mulher foi questionada publicamente.
Em 2018, testes de DNA concluíram que Joanne Hayes não poderia ter dado à luz o bebê encontrado morto. No ano passado, ela, sua filha e irmãos iniciaram um processo na Suprema Corte contra o comissário da Garda e o Diretor do Ministério Público.
Após meses de mediação, é esperado que o estado ofereça uma indenização de 1,5 milhão de euros (cerca de R$ 9,4 milhões); 300 mil euros para cada um de seus irmãos e mais 100 mil para sua filha.