Debate sobre uso da tradicional vestimenta muçulmana em escolas leva em consideração lei sobre símbolos religiosos
O novo ministro da educação da França anunciou, no último fim de semana, a proibição do uso da abaya, tradicional túnica muçulmana, em escolas do país. A decisão se tornou um dos grandes destaques nos jornais nesta segunda-feira, 28.
O ministro afirmou, em entrevista concedida ao canal TF1, na noite de domingo, 27: "Decidi que o uso da abaya será proibido na escola". Ele alegou que a razão por trás disso é que "quando entramos em uma sala de aula, não devemos ser capazes de identificar a religião dos alunos apenas olhando para eles".
Segundo informações da agência de notícias RFI, uma lei implementada em março de 2004 proíbe o uso de símbolos religiosos nas instituições de ensino francesas. De acordo com a fonte, o objetivo dessa lei seria assegurar a aplicação do princípio de laicidade no país.
Segundo o jornal Le Figaro, a declaração de Attal satisfaz as expectativas de diretores, educadores e outros profissionais, que aguardavam uma posição do governo francês sobre esse assunto. Até então, a decisão de permitir ou proibir o uso da vestimenta nas escolas recaía sobre eles.
Segundo o periódico francês, a incerteza reside em questionar se a túnica utilizada em nações do norte da África e do mundo árabe tanto por homens quanto por mulheres possui uma conotação religiosa contrária à legislação do país.
O Conselho Francês de Culto Muçulmano (CFCM) expressou em junho que a abaya é um vestuário de natureza cultural. Contudo, como lembra o Le Parisien, o debate persiste.
Para o sociólogo Jean Baubérot a decisão do governo apresenta uma "concepção punitiva da laicidade", que eventualmente será mal compreendida, desconsiderada e contribuirá para uma série de proibições. O especialista adverte que "focar na vestimenta vai além da lei sobre a laicidade que proíbe o porte de símbolos religiosos".