Estudiosos acreditam que uma estrutura feita de rochas seria a mesma citada na Bíblia no Primeiro Livro de Samuel
Mesmo sete anos depois do início das escavações, o sítio arqueológico nos arredores de Beit Shemesh, 20 km a oeste de Jerusalém, continua trazendo surpresas. Dessa vez, os arqueólogos encontraram um templo de 3.100 anos que pode ter ligação direta com a Bíblia.
Durante as escavações, cientistas encontraram uma construção perfeitamente quadrada, com paredes longas e simétricas. Ficou óbvio, assim que colocaram os olhos no local, que aquele monte de pedras formava um templo israelita.
Tudo foi comprovado quando itens comuns a ambientes religiosos foram descobertos no lugar. Alguns dos achados são: áreas para armazenar vinho, uma plataforma para cerimônias, vasos decorados e ossos de animais que podem ter sido usados em rituais.
Bem no centro da sala, uma descoberta ainda mais instigante: uma mesa de pedra parecida com a citada na Bíblia, no livro de Samuel. O escrito narra que a Arca da Aliança — a caixa onde as placas dos Dez Mandamentos foram armazenadas — teria repousado em uma superfície semelhante após ser devolvida pelos filisteus.
Para analisar o templo com mais afinco, os arqueólogos tiveram de cavar uma grande camada escura que, inicialmente, pensaram ser cinzas de um incêndio. No entanto, logo descobriram que o material encontrado, na verdade, era esterco.
Segundo os pesquisadores, o templo provavelmente foi tomado por filisteus em meados do século 12 a.C.. Nesse sentido, foram identificados sinais de que a construção teria sido destruída em um conflito — vasos e potes de cerâmica estavam em pedaços, por exemplo.
Assim, após ser conquistado, o local sagrado pode ter sido transformado em um curral de animais. O que faria sentido, de acordo com a cronologia apresentada pela Bíblia, que narra conflitos frequentes entre filisteus e israelitas entre os séculos 12 e 11 a.C..
No entanto, para o Prof. Shlomo Bunimovitz, da Universidade de Tel Aviv, a ligação entre o templo e a Arca da Aliança não pode ser feita diretamente. Segundo o estudioso, seria quase impossível provar arqueologicamente que a mesa encontrada é a citada na Bíblia. Ainda mais, segundo o testamento, a pedra estava localizada em uma parte da cidade, e não em um templo no alto, como o descoberto em Beit Shemesh.
Israel Finkelstein, outro arqueólogo da Universidade de Tel Aviv e um dos líderes das escavações, pontuou que, cronologicamente, a mesa encontrada não poderia ser a citada no Primeiro Livro de Samuel. Segundo o cientista, a história da Arca teve início no século 8 a.C., cerca de 400 anos depois da destruição do templo.