O cartunista mais famoso do Brasil disse que tem medo das possíveis represálias sociais
Isabelly de Lima, sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 01/07/2023, às 12h20 - Atualizado às 12h45
Mauricio de Sousa, o renomado cartunista de 87 anos, revelou que gostaria de ter um personagem LGBTQIA+ nos quadrinhos da 'Turma da Mônica'. No entanto, ele prefere agir com cautela diante da possibilidade, pois teme possíveis reações agressivas por parte da sociedade.
O criador do adorado grupo de amigos do bairro do Limoeiro busca acompanhar os avanços e comportamentos do mundo atual para guiar seu trabalho. Ao longo das mais de seis décadas de existência das histórias em quadrinhos, a inclusão já se faz presente com personagens cegos, surdos, negros e cadeirantes, por exemplo, como informado em uma entrevista ao F5, da Folha de São Paulo.
Ainda assim, Mauricio evita estabelecer um prazo para a inclusão de um personagem gay, mas afirma que isso certamente ocorrerá: "Não sei quando, mas vai haver. Estamos estudando o caso, as consequências. É natural que tenhamos", avalia. "Estou aprendendo com o Mauro [Sousa, filho, assumidamente gay] até onde podemos ir para não haver represálias".
Mauro, que inspirou o personagemNimbus e atualmente trabalha como diretor da Mauricio de Sousa Produções, afirmou que as discussões sobre o assunto acontecem diariamente na empresa. Ele destaca a graphic novel "Tina Respeito", que apresenta uma personagem lésbica, e assegura que "tudo é possível" nos próximos anos.
É uma preocupação de todos. Entendemos que isso é importante para termos nos projetos e o universo LGBT+ não está fora, assim como nenhum grupo minoritário. Estamos constantemente falando disso, apesar dos comentários que aparecem —de tudo o que é tipo", diz Mauricio.
Enquanto isso, a Mauricio de Sousa Produções segue trabalhando gradualmente na diversidade, como no espetáculo Circo Turma da Mônica, que celebra os 60 anos da personagem-título e estreia no Teatro Bradesco neste sábado,1. Nos bastidores, a diversidade se faz presente com uma equipe composta por pessoas LGBTQIA+ e de outras minorias.