Ao longo de quase quatro milênios, a substância foi enterrada e preservada em pântanos de turfa
Em um novo estudo, pesquisadores analisaram 32 amostras de manteiga do pântano (bog butter) armazenadas no Museu Nacional da Irlanda.
A manteiga do pântano é uma antiga substância, de origem animal, que costumava ser armazenada em recipientes feitos de madeira ou bexigas e peles de animais. Depois, era enterrada nos pântanos de turfa (uma espécie de musgo) da Irlanda e Inglaterra – esses locais são conhecidos por suas propriedades de preservação.
Manteiga datada de 360 a 200 a.C. / Museu Nacional da Irlanda
A pesquisa revelou que alguns dos globos de manteiga datavam de 1.700 a.C., enquanto outros teriam sido enterrados apenas no século 17. Os especialistas acreditam que a prática milenar pode ter continuado no início do século 20.
Os pântanos mantiveram a manteiga em um estado comestível por séculos. “Teoricamente, o material ainda é comestível, mas não diríamos que é aconselhável”, afirmou Andy Halpin, assistente do Museu, ao Irish Times.
Amostra de manteiga de pântano datada de 960 a 1040 d.C., envolvida em uma bexiga de animal / Museu Nacional da Irlanda
Segundo os pesquisadores, as pessoas não colocavam a manteiga no pântano necessariamente para comê-la mais tarde. É possível que o material tivesse algum significado religioso e fosse enterrado como uma oferenda, por exemplo.
“É improvável que haja uma única razão para que a manteiga fosse depositada em pântanos ao longo de quatro milênios”, afirma Jessica Smyth, da University College Dublin, principal autora do estudo. “Em certos períodos, o depósito da substância pode ter sido uma oferenda, enquanto em outros momentos, pode ter sido mais sobre armazenamento e até proteção de recursos valiosos.”