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Notícias / Arqueologia

Lingotes de prata da era romana são apreendidos em suposta venda no mercado negro

Três lingotes de prata raros da era romana, representanto o imperador Constantino, o Grande, foram apreendidos antes de venda ilegal na Ucrânia

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 15/08/2024, às 13h38

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Lingotes de prata da era romana recuperados na Ucrânia - Divulgação/Museu Nacional de História da Ucrânia
Lingotes de prata da era romana recuperados na Ucrânia - Divulgação/Museu Nacional de História da Ucrânia

Recentemente, três lingotes de prata datados da era romana e considerados raros foram recuperados na Ucrânia, antes de quase serem vendidos ilegalmente no mercado negro de antiguidades. Eles possuem a figura do imperador romano Constantino, o Grande, representada.

Conforme noticiado pelo Live Science, um homem — que não teve sua identidade revelada — alegou, quando abordado pelas autoridades, que os artefatos foram encontrados por sua bisavó, enterrados no quintal da família em Zakarpatska, uma região ao oeste da Ucrânia. Segundo a Public Uzhgorod, a estação de transmissão pública da Ucrânia, o homem tentava vender uma das barras online, quando foi descoberto.

Felizmente, as autoridades locais interviram e, quando revistaram a casa do homem, descobriram dois lingotes adicionais. Segundo declaração do Museu Nacional de História da Ucrânia em Kiev, os lingotes possuem "valor cultural especial". Cada um dos blocos metálicos, descrevem, pesava mais de 342 gramas, e eram quase inteiramente de prata pura.

O que chama atenção nos lingotes, porém, é uma impressão em forma de moeda do imperador Constantino, o Grande, em cada lado. Constantino, vale mencionar, foi imperador romano entre 306 e 337 d.C., e ficou conhecido principalmente por introduzir o cristianismo no Império Romano, e por mover a capital do império para a "Nova Roma", que se tornaria Constantinopla (atual Istambul, na Turquia).

+ Constantino, o Grande: O primeiro imperador cristão

Valor

Ainda conforme a declaração, originalmente os lingotes seriam usados no processo de cunhagem de moedas conhecidas como siliquae, que eram cunhadas com a imagem de Constantino e foram emitidas entre 310 e 313 d.C. na antiga cidade de Augusta Treverorum — atual Trier, na Alemanha.

Três lingotes presos juntos deveriam ser um presente para uma pessoa de alto escalão", pontua Maksym Levada, curador do museu. "O fato de terem sido encontrados fora do Império Romano, no território da Ucrânia moderna, os torna uma fonte inestimável do nosso passado".

Os especialistas ainda mencionam que o valor do tesouro poderia chegar a até 3,5 milhões de hryvnias ucranianas (cerca de R$ 464 mil, na cotação atual), "mas o que os torna únicos não é o custo, mas o fato de que apenas alguns lingotes semelhantes foram encontrados na Europa até o momento", acrescenta o procurador-geral da Ucrânia, Andriy Kostin, no comunicado.

Ao todo, existem apenas cerca de 90 lingotes de prata da era romana conhecidos hoje, dos quais apenas 11 contam com impressões de selos da casa da moeda. Por isso, a recuperação dos três lingotes recentes se mostra ainda mais rara e importante para a região.

"Lingotes de prata romanos com impressões de moedas são incrivelmente raros e eram virtualmente desconhecidos fora do Império Romano. É provável que esses lingotes tenham chegado ao território do que é hoje a Ucrânia ocidental como resultado de interações entre a população local — possivelmente tribos germânicas ou dácios — e o Império Romano no início do século 4. No entanto, a natureza exata dessas interações ainda precisa ser determinada", explica Kyrylo Myzgin, arqueólogo e membro do corpo docente da Universidade de Varsóvia, ao Live Science.

Agora, os lingotes recuperados estão em exibição no Museu Nacional de História da Ucrânia, na exposição "Tesouros Salvados", que conta com uma coleção de artefatos históricos resgatados na região.