Durante muito tempo, os animais não serviam de alimento para a população — muito pelo contrário
Ossos de lebres e galinhas encontrados em Hampshire e Hertfordshire, na Inglaterra, revelaram a pesquisadores que os animais chegaram ao território entre os séculos 3 e 5 a.C. Mas mais que isso: a forma como foram enterrados intactos e com cuidado revelou que eles não serviam de alimento para a população da época.
Uma nova pesquisa realizada por especialistas das universidades de Exeter, Leicester e Oxford sugere que as espécies foram importadas para a Grã-Bretanha não com o intuito de se tornarem parte da alimentação. Segundo o estudo, elas eram adoradas como “deuses” durante a Idade do Ferro inglesa.
Durante a análise dos restos mortais, percebeu-se que não havia sinal de que a lebre e a galinha tivessem sido machucadas e ainda mortas. O que o artigo analisa ainda é a relação dessa descoberta com a incorporação de tradições modernas da Páscoa.
“Relatos históricos sugerem que galinhas e lebres eram muito especiais para serem comidas e, em vez disso, eram associadas a divindades — galinhas com um deus da Idade do Ferro semelhante a Roman Mercury e lebres com uma deusa da lebre desconhecida. A associação religiosa de lebres e galinhas durou todo o período romano”, explicou a líder do estudo, Naomi Sykes, da Universidade de Exeter.
De acordo com a professora, a Páscoa se tornou uma importante data britânica mesmo que seus importantes elementos não fossem nativos da região. Ela afirma que “a ideia de que galinhas e lebres inicialmente tinham associações religiosas não é surpreendente, pois estudos transculturais mostraram que coisas e animais exóticos geralmente recebem status sobrenatural”.