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Notícias / Arqueologia

Leão é representado devorando bárbaro em alça de chave da Roma Antiga

Artefato foi encontrado em 2017 e descrito em estudo publicado no último dia 9

Isabela Barreiros, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 25/08/2021, às 14h14

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Alça de chave romana descoberta em Leicester, na Inglaterra, em 2017 - Divulgação/University of Leicester Archaeological Services
Alça de chave romana descoberta em Leicester, na Inglaterra, em 2017 - Divulgação/University of Leicester Archaeological Services

Um trabalho de campo realizado em 2017 em Leicester, na Inglaterra, revelou parte de uma chave da Roma Antiga sob o chão de uma grande casa da cidade, pouco antes da construção de novos estabelecimentos. A descoberta foi feita pela University of Leicester Archaeological Services e relatada pelo portal LiveScience

Depois de quatro anos de análises, pesquisadores publicaram suas considerações acerca do curioso objeto em um estudo no periódico Britannia no último dia 9.

Trata-se de uma alça de chave romana que contém a imagem de um leão devorando uma pessoa, provavelmente um bárbaro, enquanto outras quatro observam a cena assustadas.

Chave romana mostra cena terrível / Crédito: Divulgação/University of Leicester Archaeological Services

Em um comunicado, o principal autor do estudo, John Pearce, do King's College London, destaca que “como a primeira descoberta desse tipo, ela [a chave] ilumina o caráter brutal da autoridade romana nesta província" da Grã-Bretanha romana. 

O cabo de bronze contém três epicentros de símbolos imagéticos que merecem atenção. Primeiro, o próprio leão; que tem grande simbologia na Roma Antiga e, nesse caso, poderia estar "afastando a influência maligna e o mau-olhado dos espaços dos vivos e dos mortos", segundo o estudo.

Leão devorando bárbaro na estatueta / Crédito: Divulgação/University of Leicester Archaeological Services

No caso do bárbaro, devorado pelo leão, sua representação está ligada à maneira como o Império Romano via as pessoas de fora de seu território.

O cabelo desgrenhado, a densa barba, olhos esbugalhados e peito nu descrevem a “selvageria” que os romanos associavam aos povos que diziam ser os “outros”. 

Já o último núcleo são os quatro jovens nus que observam a terrível cena com horror, pois, conforme os estudiosos, provavelmente seriam os próximos a serem devorados pelo animal.

No estudo, eles são descritos com "grandes globos oculares projetando-se de suas órbitas e pupilas recortadas, sobrancelhas proeminentes, narizes largos, bocas fechadas com lábios franzidos e bochechas cheias". 

Jovens observam a cena assustados / Crédito: Divulgação/University of Leicester Archaeological Services

De acordo com Pearce, é possível que a estatueta reproduza um evento que tenha ocorrido na vida real, podendo ter sido "criado para marcar uma ocasião significativa, um episódio em que cativos [foram] mortos na arena por leões”.

Ele ressalta que o objeto talhado, que tem 12 centímetros de comprimento e pesa 304 gramas, é "melhor interpretado como uma cena de damnatio ad bestias”, que significa a "morte de cativos e criminosos como punição e espetáculo" em latim.