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Notícias / Jean-Marie Le Pen

Jean-Marie Le Pen: líder da extrema-direita da França morre aos 96 anos

Antigo e polêmico líder do partido Frente Nacional, líder da extrema-direita francesa, Jean-Marie Le Pen, morreu aos 96 anos

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 07/01/2025, às 10h15

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Jean-Marie Le Pen - Getty Images
Jean-Marie Le Pen - Getty Images

Fundador do partido Frente Nacional, da extrema-direita da França, Jean-Marie Le Pen morreu nesta terça-feira, 7 de janeiro, aos 96 anos. Líder do partido entre 1972 e 2011, o ex-paraquedista já estava internado há várias semanas, e faleceu ao meio dia de hoje (no horário local) "cercado por seus entes queridos", segundo comunicado da família.

No ano passado, Jean-Marie Le Pen chamou grande atenção da mídia internacional ao enfrentar, ao lado de sua filha, Marine Le Pen, acusações de que ele e outras figuras de seu partido desviaram dinheiro do parlamento europeu com empregos falsos. No entanto, o ex-líder político foi dispensado dos julgamentos no tribunal por questões de saúde.

Líder controverso

Filho único de um pescador bretão e de uma costureira, Jean-Marie Le Pen nasceu em 1928 e, com apenas 16 anos, pediu para se juntar ao exército; o que foi recusado, pois ele ainda era muito jovem. Mais tarde, ingressou no regimento de paraquedistas da Legião Estrangeira Francesa, participando na guerra na Indochina e da guerra de independência da Argélia — esta última que, inclusive, lhe rendeu acusações de torturar detentos.

Não tenho nada a esconder. Nós torturamos porque tinha que ser feito. Quando você pega alguém que acabou de plantar 20 bombas que podem explodir de um minuto para o outro e ele não quer falar, você tem que usar métodos excepcionais para fazê-lo falar", afirmou ele em 1962, ao jornal Combat.

No entanto, nos anos seguintes Le Pen negou outras acusações de tortura na Argélia, afirmando que elas eram parte de uma "conspiração governamental" da esquerda para desacreditá-lo.

Jean-Marie Le Pen em 1972 / Crédito: Getty Images

Ele foi eleito como deputado pela primeira vez em 1956, e cofundou o partido Frente Nacional em 1972. Seguiu como deputado até 1988, e se tornou Membro do Parlamento Europeu e, 2004, onde serviu até 2019. Também foi conselheiro regional na Provença-Alpes-Côte-d'Azur entre 2010 e 2015.

Ao longo de sua vida, Le Pen foi repetidamente alvo de controvérsia e foi alvo de diversas ações legais, muitas devido as suas opiniões condenáveis sobre o Holocausto — que ele descrevia como um "mero detalhe" na história da Segunda Guerra Mundial — e seus elogios ao governo do marechal Philippe Pétain durante a guerra, que colaborou com os ocupantes nazistas na França.

Ele também foi condenado e multado várias vezes por contestar crimes contra a humanidade, como quando, em 2014, ele sugeriu que o vírus Ebola seria uma solução para a explosão populacional global. Apenas dois anos depois, ele foi condenado por "provocar ódio e discriminação étnica" ao dizer, em uma reunião pública três anos antes, que os ciganos eram "indutores de erupções cutâneas" e fedorentos.

Ele foi nomeado presidente honorário vitalício da Frente Nacional após sua filha, Marine Le Pen, assumir como líder do partido em 2011. Porém, em 2015 ela o expulsou do cargo, depois que ele se recusou a moderar sua linguagem incendiária, ao passo que ela buscava limpar a reputação do partido, e só conseguiu expulsá-lo do partido definitivamente em 2018, após várias batalhas legais.

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