Mais de 30 anos após o crime que chocou os Estados Unidos, o caso dos irmãos Menendez, condenados pelas mortes dos pais, é reavaliado
O caso dos irmãos Menendez, que há décadas cumprem penas de prisão perpétua pelo assassinato de seus pais, José e Kitty Menendez, volta a ganhar destaque.
A recente revelação de uma carta escrita por Erik Menendez a um primo é apontada pelos advogados como prova corroborativa das alegações de abuso sexual cometido pelo pai, o que pode impactar diretamente a revisão do caso.
O Promotor do Condado de Los Angeles, George Gascón, afirmou nesta quarta-feira, 16, que uma decisão sobre o caso pode ser anunciada em breve.
De acordo com o portal da NBC Los Angeles, o promotor disse que pode ter a resposta "dentro dos próximos 10 dias ou mais". A audiência, entretanto, está marcada para 26 de novembro.
Essa declaração veio logo após membros da família dos irmãos manifestarem apoio à libertação deles durante um ato público no centro de Los Angeles, liderado pelo advogado Mark Geragos.
Na coletiva de imprensa, Geragos destacou a união da família ao expor a questão ao promotor Gascón, que está revisando novas evidências apresentadas.
Segundo ele, familiares de diversas partes do país viajaram para Los Angeles em apoio aos irmãos.
Anamaria Baralt, sobrinha de José Menendez, expressou que seus primos também foram vítimas no dia do crime.
Com o tempo, ficou claro que havia duas outras vítimas naquele dia, meus primos Lyle e Erik", afirmou Anamaria Baralt, sobrinha de José. "Eles se tornaram vítimas de uma cultura que não estava pronta para ouvir."
A revisão do caso foi iniciada após advogados solicitarem ao tribunal o cancelamento das condenações dos irmãos. Gascón declarou que leva o assunto a sério e ainda não tomou uma decisão definitiva.
Os advogados dos Menendez buscam anular as condenações ou reavaliar as sentenças, argumentando que se o julgamento ocorresse hoje, o entendimento sobre abuso sexual seria diferente e poderia ter levado a uma condenação por homicídio culposo ao invés de assassinato em primeiro grau.
Durante o julgamento original, os promotores alegaram não haver provas de abuso sexual e sustentaram que os irmãos agiram por interesse financeiro no patrimônio multimilionário dos pais. Na época, o júri optou por penas de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.
Joan Andersen VanderMolen, irmã de Kitty Menendez, afirmou que os irmãos eram crianças necessitando proteção.
"Elas eram crianças que poderiam ter sido protegidas e, em vez disso, foram brutalizadas", desabafou ela. "Nos anos desde a condenação delas... a compreensão da sociedade sobre abuso sexual cresceu significativamente".
No caso deles, se fosse julgado hoje, as evidências do abuso do pai não apenas seriam admitidas no tribunal, mas também forneceriam um contexto essencial para o motivo pelo qual eles agiram como agiram."
Gascón reconheceu que casos semelhantes hoje são tratados com mais sensibilidade em relação ao tema do abuso sexual. A decisão aguardada nos próximos dias poderá trazer novos desdobramentos para o emblemático caso.
