Estudo recente descobriu evidências dos animais rastejantes sendo cozinhados ainda na Pré-História
Ingredi Brunato Publicado em 04/04/2023, às 13h00
Um grupo de cientistas da Universidade de Witwatersrand, localizada na África do Sul, descobriu que humanos primitivos que habitaram o território durante a Pré-História já incluíam caracóis terrestres em sua alimentação.
Segundo o estudo publicado pelos pesquisadores no volume de abril da Quaternary Science Reviews, a conclusão foi alcançada depois que eles examinaram fragmentos de conchas de caracóis encontradas na Caverna Border (ou Caverna Fronteiriça).
Os materiais, que remontavam ao período entre 70 mil e 170 mil anos atrás, mostravam sinais de terem sido aquecidos durante períodos variáveis, desde 5 minutos até 36 horas — o que foi interpretado como os nossos antepassados fazendo experimentos culinários com o ponto de cozimento do animal rastejante.
A análise microscópica das modernas conchas aquecidas e espécimes arqueológicos da Caverna Border mostra que eles compartilham características resultantes da exposição ao calor, ou seja, microfissuras e aparência de superfície fosca", diz o artigo científico, conforme repercutiu o IFL Science.
É importante destacar que foi considerada ainda a hipótese de que os moluscos teriam simplesmente passado por um incêndio, porém ela é considerada pouco provável pelo fato de, no mesmo local onde estavam as conchas, terem sido encontrados ossos e sementes, que também são indicadores que refeições foram feitas ali.
Os caracóis daquela época, vale mencionar, eram muito maiores que aqueles que temos hoje, fornecendo uma relevante fonte de proteína.
Os moluscos terrestres são uma excelente fonte de nutrientes: são fáceis e não perigosos de coletar, podem ser armazenados algum tempo antes de serem consumidos, são simples de preparar e digerir desde que se tenha um domínio básico do fogo", apontaram os autores da pesquisa a respeito das vantagens do prato milenar.
A evidência mais antiga que possuíamos até então do consumo de caracóis datava de 'apenas' 40 mil anos atrás, tendo ocorrido também no continente africano. Já com as contribuições trazidas pelo novo artigo científico, nosso histórico com a iguaria se mostra mais de 100 mil anos mais longo do que pensávamos.
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