A conclusão foi alcançada através da análise de uma possível ferramenta de alfaiataria na Espanha
Um artigo publicado na revista Science Advances na última quarta-feira, 12, chegou à interpretação de que humanos que viviam na Europa há 40 mil anos já usavam roupas de couro ajustáveis para se proteger do frio.
A conclusão foi possível graças a análise de uma ferramenta de osso desenterrada nas proximidades da nascente de um rio na Espanha. O objeto, que consistia nas ancas de algum animal herbívoro grande, teria sido usado como tábua de perfuração por um 'alfaiate' do Paleolítico Superior.
A teoria para a utilização do item foi elaborada a partir do exame cuidadoso dos furinhos presentes no osso. Eles estavam distribuídos em um padrão aparentemente aleatório (descartando, portanto, a possibilidade de ser uma peça artística), tendo sido feitos em momentos diferentes e com ferramentas diferentes.
Segundo repercutiu o portal New Scientist, seu único elemento em comum seria a técnica usada para criá-los — uma que ainda é empregada hoje por sapateiros de comunidades tradicionais a fim de perfurar couro, ao que é possível passar uma linha nos pequenos buracos, fazendo uma costura primitiva.
O estudo é particularmente relevante devido ao fato de que tecidos não são tão resistentes à ação do tempo, de forma que os vestígios mais antigos que já encontramos são de, no máximo, 10 mil anos atrás. Esse contexto torna muito valiosa essa evidência indireta de criação de vestimentas há 40 mil anos.
Temos alguns furadores ou ferramentas de pedra pontiagudas aqui e ali, mas basicamente ainda estamos no escuro em relação às técnicas para fazer roupas ajustadas. Agora, pela primeira vez, estamos documentando uma técnica que é usada por sociedades tradicionais e sapateiros até hoje", comentou Luc Doyon, o líder da pesquisa, conforme o Hareetz.