Marius Gustavson, de 46 anos, era também conhecido como "criador de eunucos"; ele removeu o próprio mamilo, uma perna e o pênis
Redação Publicado em 13/01/2024, às 10h09
Na última sexta-feira, 12 de janeiro, ocorreu na Corte Criminal Central de Londres, conhecido também como Old Bailey, o sentenciamento de um grupo de modificações corporais extremas. Entre as afirmações realizadas no tribunal, está a de que o líder do grupo, Marius Gustavson, teria reivindicado 18,5 mil libras esterlinas como benefício por invalidez após ter sua perna amputada voluntariamente.
Conhecido também como "criador de eunucos", Marius Gustavson, de 46 anos, foi mentor de um empreendimento "lucrativo" e "generalizado" de modificações corporais extremas. O mais chocante é que além de realizar os procedimentos, que incluíam a remoção de órgãos genitais, ele também os filmava e transmitia em seu site pay-per-view.
Ao todo, dez homens foram acusados de envolvimento na conspiração, incluindo alguns que realizaram modificações corporais brutais no próprio Gustavson. Entre eles, destacam-se Nathaniel Arnold, de 48 anos, Jacob Crimi-Appleby, de 23, e Damien Byrnes, de 36.
Gustavson, por sua vez, já admitiu todas as acusações, incluindo conspiração para cometer lesões corporais graves. Ele deve ser sentenciado em definitivo nos dias 4 e 5 de março deste ano.
Um dos homens ouvidos no tribunal, Damien Byrnes, é um residente de Tottenham, no norte de Londres. Ele envolve-se com o caso ao ter sido filmado cortando o pênis de Gustavson para o site pay-per-view com uma faca de cozinha. Na ocasião, conforme repercute o The Guardian, ele disse: "Bem, esse está fora da lista de desejos."
Conforme ouvido no tribunal, Gustavson anunciou em um aplicativo de relacionamentos gay que buscava alguém para ajudá-lo a se tornar um eunuco — um homem com a genitália removida. Porém, no fim, quem fez o procedimento foi Byrnes, um acompanhante, por apenas 500 libras esterlinas (pouco mais de R$ 3 mil, na cotação atual).
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Caroline Carberry KC, promotora do caso, disse que Byrnes “concordou prontamente” e que estava ciente de que o procedimento seria filmado e transmitido, e que "a receita seria gerada a partir de assinaturas pay-per-view" do site do líder do grupo. Em mensagens lidas no tribunal, Byrnes teria dito a Gustavson que não tinha problemas em fazer o que lhe era pedido, mas questionou se não poderia ser perigoso ele perder muito sangue.
Então, dois dias antes da realização do procedimento, Gustavson teria dito a Byrnes que estava cortando outra pessoa, e que ele poderia ser um "ajudante sexy e excêntrico". Vale mencionar que, em outras conversas, o homem já teria se gabado de ter feito aquilo com "mais de 26 homens no total", dos quais "18 totalmente finalizados" — no caso, que tanto o pênis quanto os testículos tenham sido removidos.
Após o procedimento de Gustavson, realizado em seu próprio apartamento em Londres, ele teria ligado para o 999 — número de emergência no Reino Unido — e dito: "Tentei fazer uma cirurgia [e é] um pouco mais do que uma circuncisão." Após isso, ele foi tratado durante alguns dias no hospital, até que foi encaminhado a uma unidade psiquiátrica para ser avaliado.
À polícia, Byrnes disse que realizou o procedimento unicamente pelo dinheiro, e que vomitou a caminho de casa, posteriormente. No tribunal, foi dito também que Gustavson transferiu, ao todo, mais de 1,5 mil libras a Byrnes ao longo de dois anos.
Outro co-réu, Crimi-Appleby, envolve-se com Gustavson por tê-lo ajudado a congelar a própria perna, o que fez necessária a amputação, que ocorreu em 21 de fevereiro de 2019. A dupla teria começado a trocar mensagens ainda em 2018, quando Crimi-Appleby tinha apenas 17 anos, e depois teriam se relacionado sexualmente.
Em mensagens também lidas no tribunal, Gustavson vangloriou-se dos procedimentos que já vinha realizando em outras pessoas, e comentou que guardava os testículos removidos em frascos, o que Crimi-Appleby disse ser "incrível". Além disso, na audiência foi exibido um clipe de 5 minutos do congelamento — que levou 8 horas e também foi transmitido no site —, onde a dupla podia ser ouvida rindo.
Após tudo isso, Gustavson foi tratado no hospital Royal Free, em Londres, onde teve a perna amputada e precisou permanecer internado por dois meses. Além disso, ele chegou a apresentar um pedido de pagamento de benefício de independência pessoal em maio de 2019, o que foi aceito, e ele recebeu, ao todo, 18,5 mil libras esterlinas entre julho de 2019 e outubro de 2021.
Já Nathaniel Arnold, um enfermeiro de South Kensington, na região oeste de Londres, admitiu no tribunal ter colaborado com a remoção parcial do mamilo de Gustavson em 2019. Ele também teria dado conselhos médicos para procedimentos, e compartilhado um 'Manual de desmontagem peniana: etapas cirúrgicas anatômicas' — que ele disse ser "pornografia para mim".
Por fim, a promotora do caso disse que, embora Gustavson tenha "consentido e encorajado" os réus a realizarem os procedimentos nele, os três homens ainda eram "participantes voluntários", logo, também possuem culpa.
