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Notícias / Brasil

Homem que ‘estampou’ moeda brasileira teve imagem usada sem saber a finalidade

Jorge Benjamim dos Santos, um aposentado de 62 anos, só descobriu que estampava moeda brasileira através de um colega de trabalho

Luiza Lopes, sob supervisão de Éric Moreira Publicado em 22/07/2024, às 12h36

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Jorge Benjamim dos Santos, considerado uma "moeda viva" - Arquivo Pessoal
Jorge Benjamim dos Santos, considerado uma "moeda viva" - Arquivo Pessoal

Jorge Benjamim dos Santos, um aposentado de 62 anos, é considerado uma “moeda viva”, uma vez que ilustrou uma moeda brasileira e ainda está vivo para contar a história.

Apesar dessa grande honra, Jorge nunca foi informado oficialmente sobre isso e só descobriu através de um colega de trabalho. Em entrevista ao portal Terra, o aposentado contou detalhes sobre o ocorrido.

Moeda comemorativa

Segundo o Terra, em 1988, Jorge "cunhou" uma moeda comemorativa de 100 Cruzados em homenagem ao centenário da Abolição da Escravatura. Na época, com 26 anos, ele trabalhava na Casa da Moeda e foi convidado para uma sessão de fotos para um projeto sobre o qual não recebeu muitos detalhes.

Durante a sessão de fotos, Jorge foi solicitado a tirar a camisa, o que ele achou estranho. No entanto, ele concordou, e uma das fotos, na qual ele olha para o alto, foi escolhida para a moeda.

O aposentado lembrou que na época considerou isso apenas um pedido de um contratante, mas hoje reflete sobre como foi exposto sem ter plena consciência do propósito.

Embora sua imagem tenha sido usada a pedido do órgão, ele nunca soube oficialmente onde sua foto sem camisa seria utilizada, contou ao Terra. Só descobriu que seu rosto ilustrava uma moeda comemorativa quando um colega de trabalho revelou a informação.

O projeto, chamado Trio Axé, apresentava três moedas comemorativas: o Pai (Jorge), a Mãe e o Filho. Caso seu colega não tivesse contado, ele só saberia do fato através de uma reportagem da TV Globo, publicada um dia antes do lançamento oficial.

Após a divulgação, ele deu entrevistas para alguns jornais, mas logo depois, a Casa da Moeda proibiu que ele falasse mais sobre o assunto à imprensa, deixando-o sem entender o motivo.

Em 2019, Jorge começou a sair do anonimato participando de eventos de numismática, alguns promovidos pela própria Casa da Moeda, possivelmente como uma forma de retratação. 

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Moeda comemorativa de 100 Cruzados em homenagem ao centenário da Abolição da Escravatura / Crédito: Arquivo Pessoal

O que diz a Casa da Moeda?

Questionada pelo Terra, a Casa da Moeda informou que ele consentiu e mostrou "interesse voluntário" em ter seu rosto estampado.

A Casa da Moeda do Brasil informa que o fato ocorreu há 35 anos, o uso da imagem do Jorge Benjamim dos Santos na moeda comemorativa Trio Axé, não só foi consentido, como houve o interesse, voluntário, do ex-empregado em ter o seu rosto estampando a moeda, tendo em vista o simbolismo e a importância do marco histórico homenageado", disse a nota.

Jorge, no entanto, reforça que foi chamado apenas para tirar fotos e nunca foi informado sobre o propósito delas. Ele disse que "não quer guerra," apenas que sua história seja divulgada para que futuras gerações conheçam quem é o homem negro que 'estampou' uma moeda brasileira.

Ninguém sabe disso nas escolas, isso não tem nos livros de história do Brasil. Com o tempo, ninguém mais conta essas histórias, mas a partir do momento que elas são registradas, ninguém tira isso mais", pontuou Jorge ao Terra.