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Vitrine / Monteiro Lobato

Nova adaptação do Sítio do Picapau Amarelo retira expressões racistas e o personagem Pedrinho

“Sua obra não perderá a qualidade se tirarmos, aqui e ali, xingamentos acachapantes”, explica o escritor Pedro bandeira

Victória Gearini Publicado em 19/09/2019, às 16h00 - Atualizado às 17h30

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Renato Alarcão
Renato Alarcão

No dia primeiro de janeiro deste ano, as obras de Monteiro Lobato passaram a ser de domínio público, após 70 anos estarem sob os direitos autorais de seus descendentes. Este fato permite que as editoras publiquem os títulos adaptados ou na íntegra. Pedro Bandeira é um dos escritores responsáveis por readaptar algumas histórias de Monteiro Lobato.

Pedro Bandeira já vendeu mais de 25 milhões de exemplares de suas obras. O escritor brasileiro declarou ser um grande admirador de Monteiro Lobato. Quando as obras passaram a ser de domínio público, o autor começou o projeto para adaptá-las.

O autor alterou trechos considerados racistas e cortou da narrativa o personagem Pedrinho. Em Reinações de Narizinho, Monteiro Lobato cita o personagem Pedrinho 300 vezes, já na adaptação de Pedro Bandeira há somente três citações. “Pedrinho é o mais fraco de todos os personagens da saga. Não pensa nada, não imagina nada, nada resolve", explica.

Crédito: Renato Alarcão

No trecho "Dona Carochinha botou-lhe a língua – uma língua muito magra e seca – e retirou-se furiosa da vida, a resmungar que nem uma negra beiçuda", Pedro Bandeira readapta para "Dona Carochinha botou-lhe a língua — uma língua muito magra e seca — e retirou-se danada da vida, a resmungar".

Outro exemplo pode ser percebido em "Na casa ainda existem duas pessoas – Tia Nastácia, negra de estimação que carregou Lúcia em pequena, e Emília, uma boneca de pano bastante desajeitada de corpo", na readaptação fica "Na casa ainda há duas pessoas: Tia Nastácia, a velha cozinheira que carregou Narizinho em pequena, e Emília, uma boneca de pano bastante desajeitada de corpo".

Crédito: Renato Alarcão

Pedro Bandeira justifica que na época que as obras foram lançadas, essas expressões eram normais, mas atualmente muitas coisas mudaram na sociedade. O escritor assegura ainda que suas adaptações protegem o talento de Monteiro Lobato. “Sua obra não perderá a qualidade se tirarmos, aqui e ali, xingamentos acachapantes”, disse.