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Notícias / Paleontologia

Há 21 mil anos, humanos da Argentina comiam tatus gigantes para sobreviver

Evidências encontradas na Argentina podem ser uma das mais antigas da ocupação humana nas Américas, datadas de cerca de 21 mil anos

Luiza Lopes Publicado em 18/07/2024, às 10h17

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Pesquisa evidencia uso de ferramentas de pedra em mamífero gigante há cerca de 21 mil anos - Divulgação/Damián Voglino, Museo de Ciencias Naturales A. Scasso
Pesquisa evidencia uso de ferramentas de pedra em mamífero gigante há cerca de 21 mil anos - Divulgação/Damián Voglino, Museo de Ciencias Naturales A. Scasso

Arqueólogos descobriram na Argentina evidências que podem ser as mais antigas da ocupação humana nas Américas, datadas de cerca de 21 mil anos.

O estudo foi realizado pelos pesquisadores Mariano Del Papa, Miguel Delgado Burbano e Martín de los Reyes, da Universidade Nacional de La Plata e Centro de Investigações Geológicas (CIG-UNLP-CONICET). Os resultados foram publicados na revista científica PLOS One.

As provas incluem marcas de ferramentas de pedra em ossadas de um gliptodonte, um mamífero herbívoro que vivia nas Américas e era uma espécie de "primo" gigante dos tatus.

De acordo com a pesquisa, o animal, do gênero Neosclerocalyptus, pesava cerca de 300 kg e foi extinto há 6.000 a 7.000 anos. As marcas indicam que os Homo sapiens caçavam esses animais para se alimentar.

fóssil
Regiões em azul indicam locais dos cortes no "tatu gigante" / Crédito: Divulgação/PLOS ONE

Na imagem acima, as áreas em azul indicam onde foram feitos 32 cortes por ferramentas de pedra, incluindo a pélvis, cauda e armadura do animal.

Segundo os pesquisadores, essas marcas seguem uma sequência lógica de abate, direcionada às partes mais carnudas do animal. O estudo argumenta que esses padrões de corte indicam ações conscientes, impossíveis de serem realizadas por animais carnívoros.

As marcas encontradas mostram um padrão de distribuição muito particular e característico dos cortes realizados por ação humana, os quais se observam em diferentes partes da cauda desse espécime, o que nos permitiu estabelecer que foram seres humanos que o utilizaram como parte de sua dieta”, disse Dr. Del Papa em nota.

Radiocarbono

A datação por radiocarbono das amostras revelou idades entre 21.090 e 20.811 anos, tornando estas evidências algumas das mais antigas de interação entre humanos e megafauna.

Isso desafia a hipótese anterior de que os primeiros americanos chegaram há cerca de 13 mil anos, sugerindo uma presença humana na América do Sul pelo menos 5 mil anos antes.

Há uma visão tradicional que considera esses achados como anomalias, sem uma explicação clara, mas existe um número crescente de estudos muito sérios publicados nas revistas científicas mais prestigiadas, que situam o primeiro ingresso entre 20 e 30 mil anos atrás”, explicou Delgado em comunicado.