Autoridades de saúde justificaram a suspensão da terapia hormonal pelo "estado incerto do conhecimento sobre o assunto"
Após medidas conjuntas desde fevereiro 2022, o governo da Suécia anunciou nesta quarta-feira, 8, a suspensão do acesso aos tratamentos hormonais por menores de idade trans. A decisão acendeu um debate entre a comunidade médica a respeito de quais procedimentos podem ser indicados em caso de pedidos para transição de gênero.
Segundo informações do jornal O Globo, Thomas Linden, chefe de departamento da Socialstyrelsen (Direção-Geral da Saúde e Segurança Social da Suécia), explicou o motivo da restrição deve-se ao “estado incerto do conhecimento sobre o assunto, algo que pede prudência”.
Em dezembro de 2022, o país já havia criado uma série de medidas restritivas para o procedimento de mastectomia entre a faixa etária.
Conforme a agência de notícias AFP, as autoridades suecas registraram, entre os períodos de 1998 e 2021, 8.900 pessoas com disforia de gênero, ou seja, que não se identificam com o sexo atribuído no nascimento. Neste último ano documentado, por sua vez, houve um aumento de 820 indivíduos em relação ao anterior.
Para a Socialstyrelsen, é preciso que os menores de idade tenham mais acesso à informação antes de tomarem a decisão da readequação de gênero.
Elias Fjellander, presidente da divisão juvenil RSFL, ONG da Suécia que cuida das questões em torno do grupo LGBTQIA+, explicou em entrevista como as novas deliberações podem impactar a comunidade:
As pessoas poderiam precisar de mais cuidados e procedimentos invasivos no futuro porque essa decisão não pode ser tomada de forma precoce, ainda que por razões médicas".
A coautora do documentário “The Trans Train” (2019), Carolina Jemsby, também comentou sobre o assunto à AFP:
[O debate] é mais complexo do que o sistema de saúde e a sociedade esperavam. Um dos aspectos desse dilema é que se transformou em uma questão política. Isso não auxilia esse grupo que precisa de cuidados médicos cientificamente comprovados para ajudá-los e dar a eles uma vida melhor".