As pessoas que estão há mais tempo nas ilhas e seus descendentes não querem que aqueles que chegaram após o recenseamento de 1998 tenham direito a voto
Na sequência de distúrbios violentos que resultaram em quatro mortes e centenas de feridos, o governo francês impôs estado de emergência na Nova Caledônia nesta quarta-feira, 15. Os tumultos foram desencadeados pela proposta de reforma do censo eleitoral, levando à proibição do aplicativo de vídeos TikTok na ilha.
O Palácio do Eliseu condenou veementemente a violência, prometendo uma resposta enérgica para restaurar a ordem. O exército foi mobilizado para garantir a segurança dos portos e aeroportos locais.
As medidas de emergência, em vigor desde as 5h de quinta-feira no horário local, concedem ao Estado poderes ampliados para manter a ordem, incluindo restrições de tráfego, prisões domiciliares e buscas, repercute o g1.
Os protestos eclodiram após o início dos debates sobre a reforma do censo eleitoral na Assembleia Nacional francesa. Atualmente, apenas os eleitores recenseados em 1998 e seus descendentes têm direito a voto nas eleições regionais. A proposta de expansão do censo para incluir residentes mais recentes é contestada pelos independentistas, que temem uma diminuição da representatividade do povo Kanak, habitantes originais da ilha.
Apesar dos protestos, o procedimento parlamentar em Paris seguiu adiante, com a aprovação do texto pelos deputados. No entanto, a reforma constitucional ainda requer votação conjunta das duas câmaras, com mais de 60% de apoio para ser definitivamente aprovada. O governo francês está aberto ao diálogo e pretende buscar uma solução política abrangente para a questão.
A Nova Caledônia, um território colonizado pela França no século 19, é palco de tensões políticas há décadas. O acordo de Noumea de 1998 concedeu maior autonomia política à região, mas a questão do censo eleitoral permanece como um ponto de conflito, refletindo as profundas divisões na sociedade local.
*Sob supervisão;