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Notícias / Arqueologia

Ferramentas de marfim de 400 mil anos são encontradas na Ucrânia

Nova descoberta surpreendeu arqueólogos, uma vez que empurrou em quase 300 mil anos o início conhecido do uso do marfim para fabricação de ferramentas

por Giovanna Gomes
ggomes@caras.com.br

Publicado em 14/04/2025, às 12h18

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Ilustração de mamute - Getty Images
Ilustração de mamute - Getty Images

Uma equipe de arqueólogos fez uma descoberta que redefine a linha do tempo da criatividade humana: fragmentos de marfim de mamute intencionalmente modificados há cerca de 400.000 anos foram encontrados durante escavações na Ucrânia.

Localizados no sítio paleolítico inferior de Medzhibozh A, no oeste do país, esses artefatos são agora os mais antigos objetos de marfim moldados por hominídeos já registrados — empurrando em quase 300 mil anos o início conhecido do uso desse material.

O estudo, conduzido pelos pesquisadores Vadim Stepanchuk e Oleksandr O. Naumenko e publicado no International Journal of Osteoarchaeology, mostra que o marfim foi trabalhado por mãos humanas muito antes dos registros anteriores, que datavam de cerca de 120.000 anos atrás.

Medzhibozh A está situado às margens do rio Southern Bug, próximo à cidade de Medzhybizh. Descoberto em 2011, o local passou por escavações até 2018. Os fragmentos de marfim foram encontrados em camadas datadas do Estágio de Isótopos Marinhos (MIS) 11 — aproximadamente 400.000 anos atrás — com datação feita por ressonância de spin de elétrons (ESR) e outros métodos geológicos.

De acordo com o portal Archaeology News, foram recuperados, ao todo, 24 pequenos fragmentos, dos quais 11 apresentavam evidências claras de modificação por hominídeos. As técnicas identificadas — como o uso de bigorna bipolar, corte de bordas e remoção de lascas — são típicas do trabalho com pedra, o que impressionou os pesquisadores. Um dos fragmentos funcionava como núcleo, e outro possuía uma ponta afiada, sugerindo intencionalidade no formato e na função.

Apesar disso, o marfim não é ideal para ferramentas duráveis: com dureza de Mohs entre 2 e 4, é muito mais frágil do que rochas como o sílex ou o quartzo. Isso levou os estudiosos a considerar que os artefatos podem ter sido produzidos não apenas para uso prático, mas também para o ensino.

Complexidade comportamental

Para Stepanchuk, essa hipótese aponta para uma complexidade comportamental ainda pouco compreendida nos primeiros hominídeos. A capacidade de testar materiais, ensinar técnicas e imitar ações pode indicar um nível de cognição e interação social mais avançado do que se imaginava para essa época.

Embora os pesquisadores reconheçam possíveis margens de erro — como a chance de modificações naturais ou falhas na datação —, o padrão recorrente e detalhado das marcas nos fragmentos reforça a tese de intervenção humana.