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Exposição no Fiesp exibe mais de 300 peças africanas que revelam trocas culturais

Exposição "Outros Navios: Uma Coleção Afro-Atlântica", em São Paulo, exibe mais de 300 peças que ilustram trocas culturais pacíficas entre brasileiros e povos africanos

Luiza Lopes Publicado em 29/07/2024, às 11h48

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Peças de povos africanos exibidas em exposição no Centro Cultural Fiesp - Divulgação/MAE-USP
Peças de povos africanos exibidas em exposição no Centro Cultural Fiesp - Divulgação/MAE-USP

A exposição "Outros Navios: Uma Coleção Afro-Atlântica", no Centro Cultural Fiesp, em São Paulo, exibe mais de 300 peças, incluindo joias, tecidos, máscaras e esculturas, para ilustrar as trocas culturais pacíficas entre brasileiros e povos africanos.

A coleção, originada no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), começou nos anos 1960 sob a influência de Marianno Carneiro da Cunha, que trabalhou na Nigéria, enriquecendo o acervo com obras banto e iorubá.

"Existiram os navios da violência, os navios da escravidão. Mas a gente quer mostrar outros navios. Os navios da cultura e da beleza africana", afirmou o curador Renato Araújo da Silva à Folha de S.Paulo.

A exposição busca abordar a questão da apropriação cultural por potências europeias, destacando as aquisições pacíficas e legítimas feitas por meio de compras e doações. 

A África foi usurpada desses objetos. A reparação nunca vai ocorrer totalmente, mas é pelo menos um reconhecimento de que não se pode repetir o que houve no passado”, disse Silva ao jornal.

A mostra também inclui obras de artistas contemporâneos, refletindo sobre ancestralidades e fluxos culturais. A figura do navio, além de dar nome à exposição, serve como metáfora para deslocamentos e trocas, evidentes em seções como "Ventos no Oeste Africano", que apresenta vestimentas e esculturas de Gana, Mali e Costa do Marfim.

"São peças que circularam internamente na África Ocidental pelas mãos de comerciantes e pesquisadores. Além disso, é interessante pensar que não havia apenas trânsito de objetos, mas também de pessoas e conhecimentos", pontuou Rosa Vieira, que também assina a curadoria da mostra, à Folha. 

Cultura afro-brasileira

A exposição destaca a religiosidade afro-brasileira, com itens de Oxum, Iemanjá, Oxóssi e Exu, sublinhando o impacto das religiões de matriz africana na cultura brasileira. Silva ressalta a importância de tais exposições para reconectar os brasileiros com sua herança africana:

Muitas dessas religiões estão tão arraigadas na nossa herança cultural que as pessoas acabam não percebendo. No fundo, quem tem preconceito contra religiões de matriz africana no Brasil acaba tendo preconceito contra si mesmo. Exposições como essa ajudam as pessoas a descobrirem a si mesmas, porque a África ficou escondida, foi tratada como uma coisa negativa e demoníaca para justificar a escravidão", destacou. 

A exposição estará aberta na Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp, de terça a domingo, das 10h às 20h, no período de 24 de julho de 2024 a 16 de fevereiro de 2025. A entrada é gratuita, sem necessidade de reserva de ingressos.