Especialistas encontraram inúmeros vestígios de falsificação no documento - que conta com a "assinatura" do astrônomo
Uma cópia particularmente valiosa de um livro de Galileu Galilei, assinada e ilustrada pelo astrônomo, foi analisada e declarada como falsa.Trata-se do Sidereus Nincius, considerado a descoberta do século após ser encontrado em 2005. Entretanto, nos últimos anos, diversas evidências têm provado que a obra é falsa.
O livro de 1610 foi responsável pela grande reputação de Galileu como cientista. Havia 550 cópias do documento, sendo que hoje conhecemos 150 exemplares e, teoricamente, apenas um com aquarelas pintadas pelo astrônomo. É o primeiro trabalho sobre a superfície lunar e um dos mais completos sobre as fases dos satélites de Júpiter.
O documento possui quatro gravuras da lua inclusos, enquanto a cópia falsificada possui aquarelas supostamente originais de Galileu. Outro elemento que desvenda a farsa é que o livro não possui uma série de marcas comuns da encadernação do século 17, incluindo vestígios do metal marcando cada caractere do texto, em páginas que eram pressionadas a mão.
A proveniência do exemplar era suspeita por ser mal explicada. Isso deveria ter soado o alarme para a equipe confirmando a autenticidade do livro, segundo Nick Wilding, professor de história na Georgia State University, que examinou o material.
Em 2012, a polícia da Itália prendeu um homem chamado Marino Massimo De Caro, ex-diretor da Biblioteca Girolamini, em Nápoles, suspeito de roubar e vender milhares de livros da coleção da biblioteca. Ele foi responsável pela venda do exemplar para o antiquário em que foi encontrado.
Análises também apontaram irregularidades no carimbo da Biblioteca, que muitas vezes são falsificados para aumentar a credibilidade do documento. O mesmo pode ter ocorrido com a assinatura do cientista.
Owen Gigerich, um astrônomo, também apontou que as aquarelas não poderiam ser de Galileu, pois continham erros e incoerências. Por fim, também é afirmado que as páginas do livro não soam ou parecem ser do papel típico do século 17, tendo até manchas que indicam que foi marcado por uma impressora.