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Notícias / Brasil

Ex-patroa revela o motivo de não pagar salário a doméstica: "Uma irmã"

Madalena chamou atenção em uma reportagem após ter vergonha e medo de tocar nas mãos de uma repórter branca

Redação Publicado em 03/05/2022, às 11h26

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Madalena durante reportagem - Divulgação / YouTube / TV Globo
Madalena durante reportagem - Divulgação / YouTube / TV Globo

A auditora fiscal do trabalho Liane Durão, que trabalha no processo que investiga os 54 anos de trabalho doméstico em condições análogas a escravidão de Madalena Santiago da Silva, revelou que a ex-patroa da idosa, Sônia Seixas Leal, declarou que não pagava salário para a empregada porque “a considerava uma irmã”.

A justificativa, divulgada em reportagem para a TV Globo, foi dada durante um depoimento ao Ministério do Trabalho em março de 2022, pouco depois do resgate da funcionária, que ocorreu no final do ano passado. Ao longo das décadas que passou na casa da família da ex-patroa, foi alvo de abusos e até mesmo teve o nome usado para dívidas.

Liane ainda avaliou que, para cada irregularidade identificada na trajetória trabalhista da doméstica, deverá ser aberto um auto de infração. Até o momento, o Ministério do Trabalho já estima a abertura de aproximadamente 10 autos. 

Madalena se tornou nacionalmente conhecida após imagens registradas pela equipe de reportagem da TV Bahia, afiliada local da TV Globo. Na ocasião, ela foi entrevistada e ficou com vergonha de encostar nas mãos da repórter, uma mulher branca, se emocionando pela possibilidade de fazê-lo sem a violência sofrida nos seus anos de doméstica.

Indenização imediata

A Justiça do Trabalho ordenou o bloqueio R$ 1 milhão do patrimônio do ex-patrão da doméstica, para indenizar e acertar verbas rescisórias da idosa, além de tentar ressarcir a aposentadoria confiscada. 

Enquanto o julgamento da ação principal não ocorre, a juíza Vivianne Tanure Mateus, titular da 2ª vara do Trabalho de Salvador, ordenou que seja feito o pagamento de um salário mínimo até que a sentença seja proferida. Durante as mais de cinco décadas na casa da família, a doméstica nem sequer recebeu o valor mínimo.

Além da ausência de pagamento, estima-se que a poupança da idosa foi roubada pela filha do ex-patrão, que obtendo cerca de R$ 20 mil da aposentadoria da doméstica, além de usar seu nome e documentos para realizar empréstimos. Madalena não apenas não tocou no dinheiro, como sequer tinha ciência dele.