Há 320 mil anos, quando surgia o Homo sapiens, a imensa pressão de mudanças climáticas estava levando a um rápido avanço
Três artigos da Fundação Smithsonian publicados na Science comentam novos achados na região de Olorgesailie, no Quênia. A conclusão é que houve um enorme avanço tecnológico e mudança comportamental entre os hominídeos caçadores que habitavam o Vale do Rift, na África, há mais de 320 mil anos. Isso coincide com o surgimento do ser humano moderno, o Homo sapiens.
Ao analisar artefatos encontrados ao longo do tempo, uma equipe liderada pelo paleoantropólogo Rick Potts, do Museu Nacional de História Natural da Instituição Smithsonian, nos Estados Unidos e por Alison Brooks, professora da Universidade George Washington perceberam que esse avanço foi impulsionado por uma mudança climática, alterando o ambiente em que os seres humanos viviam e impondo novos desafios.
O time de pesquisadores analisou sedimentos encontrados num período de 1,2 milhões de anos. Os achados revelam que há 800 mil anos, iniciou-se uma drástica mudança climática, alternando períodos úmidos e secos. Como consequência, 80% das espécies de mamíferos desaparecendo, dando lugar a novos tipos de animais como elefantes, porcos e raposas.
Durante esse período, ferramentas grandes, os grandes machados de mão, deram lugar a mais sofisticadas, feitas com pedras menores. A matéria-prima utilizada na fabricação desses artefatos, não era encontrado na área onde viviam, sugerindo que os primeiros seres humanos se deslocavam até locais distantes para obter as rochas. O que indica uma forma primordial de comércio.
Pedaços de pedras em cor ocre e preto foram encontrados, perfurados por formões afiados. A interpretação dos cientistas é que foram usadas para criar pigmentos, usados na pele. Uma forma de identificação grupal, indicando uma organização social sofisticada, não vista antes.
Assim, os pesquisadores acreditam que essas mudanças climáticas foram cruciais para a evolução dos humanos modernos na África.