Pesquisadores descobriram que as mulheres falam, em média, 3.000 palavras a mais do que os homens diariamente; diferença ocorre entre os 25 e 65 anos
Em muitas culturas, existe o estereótipo de que as mulheres falam mais do que os homens. Para verificar essa afirmação, psicólogos dos Estados Unidos calcularam a média diária de palavras faladas por pessoas de ambos os sexos.
Os pesquisadores descobriram que as mulheres falam, em média, 3.000 palavras a mais do que os homens diariamente, mas essa diferença ocorre apenas entre os 25 e 65 anos. Em outras faixas etárias, a média é semelhante. O estudo foi publicado no Journal of Personality and Social Psychology na última segunda-feira, 3.
Em 2007, o psicólogo Matthias Mehl, líder da pesquisa atual, analisou dados de 500 voluntários que usaram um dispositivo de gravação portátil chamado EAR. Os registros indicaram que não havia diferença significativa na quantidade de palavras faladas entre homens e mulheres, mas o estudo foi criticado por sua amostragem restrita.
Agora, com uma amostra mais ampla e diversificada, foram analisadas 630 mil gravações de 22 estudos realizados em quatro países, abrangendo 2.197 participantes entre 10 e 94 anos. Os pesquisadores sugerem que a maior oralidade feminina entre os 25 e 65 anos pode estar ligada ao papel predominante das mulheres na criação dos filhos.
À Revista Galileu, Mehl destacou que, se a causa fosse hormonal, a diferença deveria aparecer em adultos jovens, e se fosse geracional, a discrepância aumentaria com a idade. Como nenhum desses padrões foi observado, a questão permanece aberta.
O estudo também revelou uma redução no número médio de palavras faladas por dia ao longo dos anos. Entre 2005 e 2018, esse número caiu de cerca de 16 mil para 13 mil palavras diárias, possivelmente devido ao aumento da comunicação digital.
A coautora do artigo, Valeria Pfeifer, destacou que, anualmente, cerca de 300 palavras faladas desaparecem da média diária. Embora mais pesquisas sejam necessárias, especula-se que mensagens de texto e redes sociais reduzam a necessidade de verbalização.
Mehl também está desenvolvendo o "SocialBit", um dispositivo semelhante ao Fitbit, que mede o tempo diário de conversação sem gravar o conteúdo. Segundo ele, a socialização é tão essencial para a saúde quanto o sono e a atividade física.