O documento famoso feito por Leonardo da Vinci surgiu com algumas manchas pretas; resultados impressionaram
Um estudo revelou que mercúrio e enxofre provocaram manchas em um documento publicado pela primeira vez em 1475 por Leonardo da Vinci (1452-1519), o Codex Atlanticus. O responsável pela pesquisa foi o Politécnico de Milão.
O documento em questão foi doado, em 1637, para a Veneranda Biblioteca Ambrosiana de Milão e foi objeto de uma restauração feita pelo Laboratório do Livro Antigo da Abadia de Grottaferrata entre 1962 e 1972. A intervenção — que foi feita nos 12 volumes, totalizando 1.119 folhas — ainda adicionou um paspatur para emoldurar os fragmentos.
Foram nesses pontos que pequenas manchas começaram a ser notadas, em cerca de 210 páginas, a partir de 2006. A partir de então, estudos foram iniciados para compreender o que estava ocorrendo, mas a possibilidade de ser uma deterioração microbiológica foi descartada, de acordo com informações da ANSA, via Uol.
Em 2021, o mistério começou a ser resolvido através do trabalho de pesquisadores liderados por Lucia Toniolo. A partir de um “projeto-piloto” com a página 843, as análises indicaram a presença de nanopartículas não orgânicas, compostas por mercúrio e enxofre, entre as fibras de celulose do papel do paspatur.
Os especialistas afirmam que a presença do mercúrio pode estar ligada a junção de um sal antivegetativo no interior da mistura da cola usada no restauro de Grottaferrata, e o produto foi usado para evitar ações microbiológicas. Já o enxofre pode estar associado à poluição atmosférica da cidade de Milão ou a aditivos usados na mesma cola que, com o passar do tempo, teriam provocado uma reação com os sais de mercúrio.
O estudo, publicado na revista Scientific Reports indicou que essas condições auxiliaram no surgimento das partículas responsáveis pelas manchas pretas.