Controversa munição com urânio empobrecido possui alto poder de penetração e pode derreter superfícies
Em meio ao tenso conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que já dura há mais de um ano, e se iniciou em 24 de fevereiro de 2022, a promessa dos Estados Unidos aos ucranianos de colaborar com 31 tanques de batalha Abrams tornou o cenário mundial ainda mais complicado. Agora isso deve se agravar, com a nova promessa dos americanos de enviar munições radioativas para o combate.
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Segundo repercutido pelo UOL, o Pentágono — sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos — planeja enviar à Ucrânia munições de calibre 120 milímetros com urânio empobrecido, um tipo de munição que vem causando controvérsia por fazer uso de material radioativo em sua composição. O auxílio faz parte de um pacote com outros armamentos no valor de US$ 175 milhões (R$ 860 milhões, na cotação atual).
Esse tipo de munição, no caso, é constituída por urânio empobrecido, um resíduo produzido durante o processo de enriquecimento de urânio. Embora a versão empobrecida do material seja menos radioativa, é dito que as balas em sua composição possuem alto poder de penetração, sendo tão duras que podem atravessar inclusive a superfície de um tanque.
Além disso, com o impacto, o projétil derrete e libera uma espécie de pó de urânio quente, que pode entrar em combustão rapidamente ao contato com o oxigênio do interior dos veículos, causando um incêndio que queimaria sua tripulação. Isso sem mencionar o risco de explosão, caso o veículo transporte munição ou combustível.
Com o anúncio do Pentágono, o Kremlin — sede do governo russo — se pronunciou, condenando o fornecimento de munições dos Estados Unidos à Ucrânia, qualificando o ato como um "sinal claro de desumanidade". Dmitry Peskov, porta-voz da Rússia, alertou para o aumento nas taxas de câncer e mais doenças na Ucrânia, responsabilizando "totalmente aos Estados Unidos".
Vale lembrar que os norte-americanos não foram os primeiros a fornecer munições do tipo à Ucrânia: em março, o Reino Unido também havia prometido tal material. Hoje, são conhecidos 21 países detentores desse tipo de munição em seus arsenais, entre eles Estados Unidos, Rússia, Turquia e Arábia Saudita.
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Até hoje, porém, foi somente os Estados Unidos que admitiu o uso da tecnologia bélica, em operações militares no Iraque, na ex-Iugoslávia, no Afeganistão e na Síria. Durante a Guerra do Iraque, em 2003, é dito que centenas de toneladas de munições do tipo foram disparadas.