Experimento inédito pode abrir portas para futura colonização espacial; confira!
Éric Moreira, sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 31/10/2023, às 10h00 - Atualizado às 10h06
Com o decorrer dos anos, a colonização espacial humana vem se tornando uma realidade cada vez mais próxima, graças aos diversos avanços relacionados à pesquisa espacial. Em 20 de julho de 1969, o engenheiro aeroespacial norte-americano Neil Armstrong foi o primeiro a pisar na Lua, e hoje, pouco mais de 50 anos depois, um experimento inédito e muito mais avançado foi realizado: pela primeira vez, embriões de mamíferos foram cultivados e desenvolvidos no espaço.
Conforme descrito em estudo publicado no dia 27 de outubro na revista iScience, o experimento — que contou com embriões de camundongos — ocorreu à bordo da Estação Espacial Internacional (ISS), que orbita a Terra a aproximadamente 400 km acima de nós, e foi um sucesso.
Segundo o site phys.org, os embriões dos roedores foram enviados congelados à ISS em agosto de 2021, à bordo de um foguete. Nos experimentos, por sua vez, estiveram envolvidos o biólogo molecular Teruhiko Wakayama, do Centro Avançado de Biotecnologia da Universidade de Yamanashi, no Japão, além de uma equipe da Agência Aeroespacial Japonesa (JAXA).
Conforme noticiado pela Revista Galileu, os resultados do experimento demonstraram que, pelo menos em seus estágios iniciais, embriões de camundongos podem sobreviver no espaço. Com isso, pesquisadores sugerem que poderia ser possível que humanos se reproduzissem em ambiente espacial.
Há a possibilidade de gravidez durante uma futura viagem a Marte, porque levará mais de seis meses para viajar até lá", conta Teruhiko Wakayama em entrevista ao New Scientist. "Estamos conduzindo pesquisas para garantir que seremos capazes de ter filhos com segurança se esse momento chegar."
Conforme descrito no estudo, os embriões de camundongos, logo que chegaram à ISS, foram descongelados e cultivados durante quatro dias pelos astronautas à bordo em uma máquina projetada especialmente para essa finalidade. "Os embriões cultivados em condições de microgravidade se desenvolveram normalmente em blastocistos, células que se desenvolvem no feto e na placenta", descrevem os envolvidos.
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Ao fim dos testes, as células foram colocadas em formaldeído, para serem preservadas, para que possam retornar à Terra para serem finalmente analisadas pela equipe de Wakayama. Vale mencionar ainda que, para terem outras amostras de comparação, um outro grupo de embriões foi cultivado o tempo todo na Terra, enquanto um terceiro é mantido na ISS em gravidade semelhante à terrestre simulada.
Após análises, foi constatado que a taxa de sobrevivência dos dois grupos de embriões que passaram pela ISS era menor que daqueles que nunca deixaram a Terra. No entanto, os que se desenvolveram no espaço não apresentaram qualquer anomalia, demonstrando "claramente que a gravidade não teve um efeito significativo", segundo os cientistas.
Para o futuro, planeja-se transplantar os blastócitos — células embrionárias — cultivados na ISS em camundongos fêmeas para averiguar se será viável o nascimento dos roedores. Com os resultados, novos avanços científicos podem ser feitos, de maneira a tornar a possibilidade de exploração e colonização espacial cada vez mais real.