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Notícias / Estados Unidos

Em 1968, transplante foi feito com coração roubado de um homem negro, revela livro

O caso triste ocorreu durante o período da segregação racial nos Estados Unidos — a vítima foi considerada um "paciente de caridade"

Vanessa Centamori Publicado em 11/08/2020, às 14h00

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Mãos ilustrativas - Pixabay
Mãos ilustrativas - Pixabay

Um novo livro, de autoria do jornalista indicado ao Pulitzer, Chip Jones, trouxe à tona uma história bastante triste que aconteceu em 1968. Na ocasião, durante o período de segregação racial dos Estados Unidos, um homem negro teve seu órgão pego sem permissão para que um homem branco ganhasse um transplante de coração. As informações são do site Live Science

A obra que relatou o episódio se chama The Organ Thieves: The Shocking Story of the First Heart Transplant in the Segregated South ("Os ladrões de órgãos: a história chocante do primeiro transplante cardíaco no sul segregado", em tradução livre). 

O livro conta que, no dia 25 de maio daquele ano, cirurgiões em Richmond, Virgínia, transplantaram em um empresário o órgão central do sistema cardíaco de um paciente chamado Bruce Tucker, que havia chegado um dia antes no hospital, inconsciente, com  crânio fraturado e lesão cerebral traumática.

Medical College of Virginia Hospital / Crédito: Divulgação/Virginia Commonwealth University 

Ele teve morte cerebral em menos de 24 horas, mas seu coração ainda batia. Então, os médicos do Medical College of Virginia Hospital, sem o conhecimento da família do homem negro, removeram o órgão e o transplantaram no outro paciente. Tucker era operário de fábrica em Richmond e havia sofrido uma queda no ambiente de trabalho. 

Os funcionários do hospital que utilizaram o coração de Tucker alegaram que não puderam localizar os parentes dele. Entretanto, os pertences da vítima incluíam um dos cartões de visita de seu irmão.

A instituição disse ainda que, como o indivíduo tinha álcool no hálito (ele havia bebido antes do acidente), o homem seria um "paciente de caridade", portanto, um doador em potencial. O procedimento não autorizado, então, foi feito às pressas. 

"O tempo era essencial, na opinião deles, para salvar um homem muito doente", disse o autor do livro, ao site Live Science. Entretanto, o jornalista considera que os médicos também presumiram que Tucker era indigente e sem família — um julgamento de motivação racial, segundo ele.