Medida segue determinação do governador do estado, que proibiu discussões sobre pautas raciais
A editora Studies Weekly, responsável for fornecer livros didáticos a 45.000 escolas em todo os EUA, tomou medidas extremas para proteger suas vendas. Conforme apontou o New York Times, a empresa removeu todas as referências a raças, incluindo da história de Rosa Parks, de seu material de estudos.
Como explicou a revista Rolling Stone, atualização é resultado de uma política do governador da Flórida para proibir amplamente o ensino de tópicos que possam estar relacionados à Teoria Crítica da Raça (CRT) e à promoção da diversidade, equidade e inclusão.
Apesar de um juiz ter negado recentemente um pedido do governo da Flórida para bloquear uma liminar contra a lei "Stop-Woke" — isto é, uma lei contra os avanços progressistas — de DeSantis nas faculdades públicas do estado, sua administração rejeitou dezenas de livros de matemática alegando a presença de CRT.
Além disso, em janeiro, a Flórida proibiu o College Board de testar um programa piloto de Colocação Avançada em Estudos Afro-Americanos.
Na lição do Studies Weekly usada hoje nas escolas primárias, a segregação é claramente definida: "A lei dizia que os afro-americanos tinham que ceder seus assentos no ônibus se um branco quisesse sentar".
No entanto, na versão inicial criada para revisão da Flórida, a lição dizia: "Ela foi instruída a se mover para um assento diferente por causa da cor da sua pele". Posteriormente, na segunda versão atualizada, a raça foi completamente removida: "Ela foi instruída a se mover para um assento diferente".
Embora de acordo com o New York Times não seja claro qual das versões alternativas foi submetida à revisão do estado, a segunda atualização, que não menciona raça, permaneceu no site da editora até a semana passada.
De acordo com o relatório, a editora também fez "mudanças semelhantes em uma lição de quarto ano sobre leis de segregação que surgiram após a Guerra Civil".
Enquanto uma primeira versão do livro didático para revisão mencionava os afro-americanos e explicava como eles foram afetados pelas leis Jim Crow, a segunda versão excluiu as referências à raça. Nela, é dito simplesmente que era ilegal que "homens de certos grupos" ficassem desempregados, além de que "certos grupos de pessoas" não podiam servir em um júri.
A fonte destaca que, apesar de ter retirado a versão distorcida dos fatos históricos e ter desistido da revisão estadual após questionamentos do New York Times, a editora pode ser incentivada a oferecer outra revisão a fim de evitar perdas de lucro.