A beluga Hvaldmir, suspeita de ser uma 'espiã russa', pode ter participado de uma missão secreta do Kremlin no Oceano Ártico
Um documentário da BBC sugere que uma beluga, suspeita de ser espiã russa, pode ter participado de uma missão secreta do Kremlin no Oceano Ártico.
O animal, apelidado de Hvaldimir — combinação da palavra norueguesa para baleia, hval, e do nome do presidente russo Vladimir Putin — foi encontrado morto em setembro, na Baía de Risavika, Noruega. Inicialmente, acreditava-se que o mamífero tivesse sido baleado, mas, em outubro, a polícia norueguesa concluiu que a morte foi causada por uma infecção.
Pesando 1,2 tonelada e medindo 4,3 metros, Hvaldimir precisou ser retirada da água com um guindaste. Contudo, o mistério em torno de seus supostos vínculos com a Rússia persiste. De acordo com o portal Extra, o documentário Secrets of the Spy Whale (Segredos da Baleia Espiã) propõe que, em vez de espionagem, a beluga teria sido treinada para atuar como uma "baleia de guarda", protegendo ativos russos no Ártico.
A história de Hvaldimir ganhou destaque internacional em abril de 2019, quando a beluga foi avistada perto da ilha de Ingoya, Noruega, usando um arnês com suporte para câmera. Uma fivela no equipamento trazia a inscrição "Equipamento de São Petersburgo", levantando suspeitas sobre sua conexão com um programa de espionagem russo.
O documentário examina paralelos entre o possível treinamento de Hvaldimir e os programas marinhos da Guerra Fria, quando tanto os EUA quanto a União Soviética usaram mamíferos marinhos para fins militares.
Blair Irvine, veterano do programa de golfinhos da Marinha dos EUA, explicou que esses animais eram eficazes em detectar intrusos subaquáticos graças à sua audição sensível. "Nadadores criam bolhas, bolhas causam barulho. A audição do golfinho é extremamente sensível e, neste contexto, era infalível", afirmou.
A União Soviética, segundo relatos, treinou golfinhos para proteger frotas navais, alertando sobre a aproximação de intrusos. Jennifer Shaw, diretora do documentário, acredita que Hvaldimir possuía um treinamento semelhante. "Eu o vi colocando o nariz em qualquer coisa que se parecesse com um alvo, o que sugere que ele foi treinado para patrulhas de segurança em vez de espionagem", explicou.
Eve Jourdain, especialista em baleias, também relatou padrões de comportamento que reforçam essa teoria. Em 2019, ao observar Hvaldimir no porto de Hammerfest, ela percebeu que o animal nadava diretamente em direção às câmeras carregadas por mergulhadores, comportamento que evidenciava condicionamento prévio.
"Era óbvio que essa baleia em particular havia sido condicionada a colocar o nariz em qualquer coisa que se parecesse com um alvo", destacou Eve.