A produção conta história de madre Maurina, freira presa e torturada pela ditadura militar em 1964
Neste sábado, 4, o documentário brasileiro 'Maurina, o outono que não acabou', que conta a história da freiraMaurina, torturada e presa durante o regime militar (1964 - 1985), recebeu o prêmio em três categorias no Festival de Cinema Independente de Sevilha, na Espanha.
Segundo informações do G1, a produção é dirigida por Gabriel Silva Mendeleh e foi feita em Ribeirão Preto, São Paulo, local em que a madre atuou a maior parte da vida. A equipe levou o prêmio de melhor documentário de longa-metragem e melhor diretor estreante. Em nota, Mendeleh declarou:
Uma premiação internacional ajuda o filme no Brasil ter mais visibilidade. Até o cinema nacional tem dificuldade [...] Foi uma surpresa. Fiquei muito feliz. Acho que cinema é um trabalho coletivo. O papel da direção é olhar e conhecer cada um que trabalha na equipe para fazer com que ela passe o máximo de potencial que tem. É uma premiação do conjunto".
O documentário deve estrear no Brasil ainda no primeiro semestre de 2023 e está concorrendo a outras categorias pelos festivais de cinema de Lisboa.
Madre Maurina Borges da Silveira foi a única religiosa presa e torturada na ditadura brasileira. Nascida em Minas Gerais, ela mudou-se para Ribeirão Preto e passou a integrar a administração do orfanato Lar Santana.
Acusada de acobertar e apoiar o grupo guerrilheiro Forças Armadas de Libertação Nacional (FALN), Maurina foi presa em 1969 e, posteriormente, ficou exilada por um período de nove anos no México.
Em 2014, Manoel Borges da Silveira, irmão da freira, declarou à Comissão da Verdade que sua irmã, além das torturas e violências psicológicas, foi vítima de assédio sexual. Ela faleceu em 2011, aos 84 anos, em decorrência do Alzheimer.
O filme possui duração de 85 minutos e conta com depoimentos de religiosos, amigos de Maurina, familiares, ex-políticos e jornalistas. Em entrevista, Gabriel ressalta a importância da obra para a história do país e das próximas gerações:
Eu acho que o documentário carrega muita coisa. Uma necessidade que a gente, quanto brasileiro, de conhecer a nossa história, necessidade de a gente não deixar que o que aconteceu na ditadura seja apagado".