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Notícias / Salvator Mundi

Do paradeiro a autenticidade: Os enigmas do quadro valioso de Da Vinci

Obra de Da Vinci foi leiloada no ano de 2017 e, desde então, nunca mais foi vista

por Giovanna Gomes
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Publicado em 29/08/2023, às 15h15 - Atualizado em 31/08/2023, às 11h54

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Quadro "Salvator Mundi" em exposição - Getty Images
Quadro "Salvator Mundi" em exposição - Getty Images

O quadro "Salvator Mundi" de Leonardo Da Vinci — o mais caro do mundo — leiloado por incríveis US$ 450 milhões, em 2017, está desaparecido 500 anos após a morte do artista.

A pintura de 65x45 cm, a qual retrata Cristo abençoando o mundo com uma mão enquanto segura uma esfera transparente com a outra, deveria ter figurado entre os grandes destaques de uma exposição no museu do Louvre de Abu Dhabi em setembro de 2018. Entretanto, o evento acabou sendo adiado sem explicação.

No ano seguinte, o Louvre de Paris manifestou interesse em exibi-la em uma retrospectiva de Leonardo Da Vinci, mas o quadro não pôde ser encontrado.

Segundo o portal GZH, a identidade do comprador da obra não é oficialmente conhecida, embora The Wall Street Journal sugira que seja o príncipe saudita Badr bin Abdallah, que teria atuado em nome do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman.

Representação divina

Questões religiosas, incluindo a representação de Jesus como salvador do mundo, podem estar relacionadas ao desaparecimento, já que, conforme destaca a fonte, teólogos da universidade Al Azhar do Cairo recomendaram que a obra não fosse exposta devido à proibição islâmica de representar Deus.

O Ministério da Cultura e do Turismo dos Emirados Árabes afirma ser o proprietário da pintura, mas a localização atual permanece incerta, com especulações sobre sua presença no depósito do Louvre em Abu Dhabi.

Quadro Salvator Mundi / Crédito: Getty Images

Autoria

As incertezas em torno da localização da pintura acrescentam-se às questões pré-existentes sobre a autenticidade da obra. De acordo com alguns especialistas, há a possibilidade de que o trabalho tenha sido executado por seguidores de Da Vinci, em vez do próprio mestre.

"Alguns detalhes não enganam, como a má execução de um dedo, a rotação do dedo médio, anatomicamente impossível, sendo Da Vinci um grande conhecedor do corpo humano" declarou Jacques Franck, especialista na técnica do artista renascentista. 

Na época em que o quadro foi pintado (por volta de 1.500) Leonardo da Vinci fazia seu estúdio executar suas obras, uma vez que tinha muito pouco tempo", acrescenta o especialista.

Já para o filósofo da arte Daniel Salvatore Schiffer, "quando se analisa em detalhes, nada é de Leonardo". Ele ainda aponta que Salvator Mundi nunca é mencionado na correspondência de Da Vinci, nem mesmo na de seus contemporâneos.

Representação de Da Vinci feita por Luigi Pampaloni / Crédito: Wikimedia Commons / Peter K Burian

Livro

A controvérsia, que remonta a mais de um século atrás, ressurgiu com o lançamento do livro "The Last Leonardo" (2019) pelo historiador de arte inglês Ben Lewis. Nesta obra, o autor alega que a National Gallery de Londres, que exibiu a pintura em 2011, não considerou a opinião de cinco especialistas consultados para autenticar o quadro.

Conforme relatado, dois desses especialistas deram um parecer positivo, enquanto um se opôs e os outros dois não expressaram uma opinião definitiva. Por essa razão, a obra foi reconhecida como uma criação autêntica de Leonardo da Vinci, conforme Lewis explica. No entanto, a National Gallery nunca mencionou as incertezas em torno da autenticidade da obra.

Foi complicado vendê-la, muitos museus não acreditaram no trabalho dos peritos, já que a obra estava em más condições" acrescenta Lewis.

Dianne Modestini, restauradora do quadro, porém não compartilha da mesma opinião e assegura que a pintura faz, sim, parte da obra de Da Vinci. "Quando me pediram para fazer a restauração, não sabia quem havia pintado o quadro, apenas que era um grande artista", diz a especialista americana.

Na visão de Franck, é possível que as dúvidas quanto à autoria tenham levado o dono da pintura a não expô-la até que especialistas entrassem em acordo sobre o tema.