Assentamento no subsolo teria sido o lar de cristãos fugindo da perseguição romana
Escavações na cidade de Midyat, na Turquia, conhecida por suas inúmeras construções centenárias, revelou um assentamento subterrâneo, com um sistema de passagens, poços de água antigos e câmaras destinadas à prática de cultos religiosos.
Os achados da missão arqueológica, que foram repercutidos pelo Daily Sabah na terça-feira passada, 19, contaram ainda com artefatos datados dos séculos 2 e 3, início da chamada "Era Cristã".
Gani Tarkan, diretor do museu local, acredita que a cidade subterrânea — apelidada de "Matiate", o nome antigo de Midyat — tenha sido usado como abrigo por cristãos assírios, que na época precisavam lidar com perseguição por parte de autoridades.
"Midyat tem sido usado ininterruptamente por 1.900 anos. Foi construída primeiro como um esconderijo ou área de fuga", apontou ele, ainda de acordo com o Daily Sabah.
"Pouco conhecido, o cristianismo não era uma religião oficial no século 2. Famílias e grupos que aceitavam o cristianismo geralmente se refugiavam em cidades subterrâneas para escapar da perseguição de Roma ou formavam um assentamento subterrâneo", acrescentou Tarkan.
A península de Anatólia, que constitui a maior parte do território da Turquia, é repleta dessas cidades escondidas sob o solo. A extensão dos túneis recentemente explorados, porém, impressionou os especialistas.
Ao menos 60 ou 70 mil de pessoas teriam vivido no subsolo de Matiate, conforme as estimativas da equipe de arqueólogos que fez a descoberta.
Hoje, a população de Midyat é composta principalmente por refugiados sírios que escaparam da guerra em seu país, de certa forma mantendo sua tradição centenária de abrigar quem não tem para onde ir.