Pauline Jaricot foi descrita como alguém que sofria de problemas do coração, mas o órgão conservado desde o século 19 parece dizer outra coisa
Em 2022, o Papa Francisco beatificou (a primeira etapa para a identificação como santa) a francesa Pauline Jaricot. Ela entrou para a história do catolicismo francês como alguém que sofria de problemas cardíacos, talvez arritmia ou insuficiência cardíaca. Para a surpresa de todos, pesquisadores que analisaram seu coração preservado desde o século 19 não encontraram nenhum sinal de doença no órgão.
O estudo sobre o coração da beata, publicado no International Journal of Molecular Sciences, contou com especialistas do Museu de Quai Branly, da Universidade Paris-Saclay e da Universidade Paris Cité. Os pesquisadores examinaram o tecido cardíaco da beata, que faleceu em 9 de janeiro de 1862 em Lyon, na França. O coração foi conservado e guardado em diferentes capelas na cidade desde então.
O exame do coração foi pedido pela própria Igreja Católica, durante o processo de beatificação de Jaricot. A ausência de evidência de um problema cardíaco ou sinais de tuberculose e tumor não foi um problema para os religiosos, já que eles justamente acreditam que Jaricot teria passado por um milagre depois de uma visita do Papa Gregório XVI, em 1837. As informações são da revista Galileu.
Pauline Jaricot era uma garota francesa rica que, aos 16 anos, ouviu um sermão na paróquia de Saint-Nizier que mudou sua vida. Abandonou seus lindos vestidos e joias para se vestir como uma proletária e passar a vida servindo como missionária.
Ela conviveu com problemas de saúde pelo decorrer da vida. Segundo os pesquisadores, ela teve um aneurisma bem característico, complicado por “uma doença de natureza desconhecida pela ciência” que fez com que ela ficasse sem sangue suficiente nas veias que explicasse o prolongamento de sua vida, que, de acordo com a Igreja, foi mantida por milagre.
Depois de seu encontro com o Papa Gregório XVI, Jaricot teria sido curada de sua condição. Depois de algum tempo, ela voltou a ter problemas com a saúde, como pernas e pés inchados. Seus últimos meses de vida foram marcados por tossir sangue e uma ferida que se formou em seu peito.
Pauline Jaricot foi beatificada depois do relato de que, em 2012, a criança de 3 anos Mayline Tran foi retirada de um coma considerado irreversível depois de uma novena (reza durante nove dias) a Pauline. O milagre foi reconhecido pelo Vaticano em 26 de maio de 2020, e ela foi beatificada em 22 de maio de 2022.