Estudo mostra que seca de três anos na Cidade do Cabo, na África do Sul, foi agravada pelo consumo excessivo da parcela mais rica da população
Segundo um artigo científico publicado nesta segunda-feira, 10, na revista Nature Sustainability, o consumo de água excessivo e insustentável das pessoas mais ricas precisa diminuir para acabar com crises urbanas de abastecimento e escassez de recursos hídricos.
A demanda por água vem crescendo, especialmente em polos urbanos, como explica uma das autoras do estudo, Elisa Savelli, para o site de divulgação científica New Scientist. Um relatório da ONU aponta para um futuro de mais escassez hídrica em centros urbanos, com estimados 2,4 bilhões de pessoas ao redor do mundo sofrendo com a falta de água nas cidades até 2050.
O estudo do time de Savelli se concentra na seca que afetou a Cidade do Cabo, capital legislativa da África do Sul, entre 2015 e 2018, estudando como a demanda de água é desigual dependendo da classe social. A conclusão da pesquisa foi que o 1,4% mais rico da Cidade do Cabo, chamado de "elite", piorou a crise hídrica por causa de seu uso excessivo do recurso mineral.
Antes da seca da Cidade do Cabo, a "elite" e a "classe média alta" da capital eram responsáveis por 51% do consumo de água total da região, mesmo só representando 13,7% da população. Entre os motivos para os mais ricos usarem mais água, Savelli elenca piscinas e jardins como possíveis usos excessivos de recursos hídricos.
Durante a seca, todos os grupos diminuíram o consumo hídrico, mas os que mais sofriam com isso eram os mais pobres, que por vezes sofriam com a falta de água para suas atividades essenciais, como cozinhar. As informações do estudo são do New Scientist.
A pesquisadora explica que padrões similares de desigualdade hídrica provavelmente afetam outras cidades de clima quente e população grande, como Barcelona, na Espanha, e São Paulo, no Brasil. Savelli ainda diz que o aquecimento global e o crescimento das populações urbanas vão dificultar a segurança hídrica da Cidade do Cabo.