O Great Ormond Street Children's Hospital já recebeu mais de 10 milhões de libras da Disney
Paola Orlovas, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 01/02/2022, às 16h18 - Atualizado em 18/09/2022, às 16h00
Sir James Matthew Barrie, mais conhecido como J. M. Barrie, foi um autor e dramaturgo escocês, que dentre muitos títulos, escreveu “O Menino Que Nunca Quis Crescer”, uma peça de 1904, que hoje é conhecida por ter dado origem ao famoso personagem Peter Pan, que era um jovem menino que morava dentro da “Terra do Nunca”, composta por crianças e seres mágicos, que além de tudo conseguia voar e era criado por fadas.
Anos mais tarde, já em 1911, o escritor publicaria um livro utilizando o menino da peça de 1904, chamado “Peter and Wendy”, ou apenas “Peter Pan”, que trouxe a parte da história do personagem que hoje conhecemos, acompanhada por novos personagens também importantes que seriam introduzidos, como os piratas e o Capitão Gancho, e os irmãos da família Darling: Wendy, João e Miguel.
Barrie morreria em 1937, aos 77 anos de idade e sem ter conseguido ter filhos, mas isso não fez com que ele deixasse de tentar organizar uma forma de eternizar o seu legado como um dos maiores e mais ricos escritores que o Reino Unido já teve.
Apenas alguns anos antes de falecer, o autor pediu para que o dinheiro proveniente dos direitos autorais de “Peter Pan” fosse encaminhado para o Great Ormond Street Children's Hospital, um hospital infantil localizado em Londres, a capital da Inglaterra e do Reino Unido.
Para que isso pudesse ser feito e seu pedido fosse concretizado, J. M. Barrie cedeu seus direitos autorais para a instituição em 1929. Naquela época, os veículos midiáticos do país, segundo o jornal britânico The Guardian, teriam estimado que os direitos renderiam ao menos duas mil libras para o hospital a cada ano, montante que hoje equivale a mais de meio milhão de reais.
Desde então, várias produções fizeram uso dos personagens dos trabalhos de Barrie, e, de acordo com o Mirror, a Disney, que é dona de uma animação famosa, que traz o mesmo nome, “Peter Pan”, e foi lançada no ano de 1953, teria pagado mais de dez milhões de libras para o Great Ormond Street Children's Hospital em apenas sete anos para poder fazer uso do personagem e da história.
Mas, para que os direitos autorais da obra fossem mantidos pela instituição foi necessário, de início, uma exceção por parte do governo britânico. Em 1987, a obra entraria no domínio público, e o hospital deixaria de receber dinheiro por conta dos royalties dela, o que acabou não acontecendo, porque Audrey Callaghan, esposa do antigo primeiro-ministro britânico, James Callaghan, conseguiu estender os direitos em uma emenda de 1988, feita dentro do ato de Copyright.
Agora, os direitos ainda continuam com o hospital de Londres, o que se deu após a aprovação de uma lei bolada por Wendy Morton, uma parlamentar conservadora britânica, em 2016.
O projeto de lei, segundo ela, servia para “dar continuidade ao legado desse autor de livros para crianças”, e concedeu os royalties para o hospital mais uma vez, dessa vez por meio de um fundo de caridade só dele, sem interferência externa.